Comentarista esportivo, Ciro Gomes defende Scolari e critica protestos contra Copa
Paulo Passos e Rodrigo Bertolotto
Do UOL, em Fortaleza
Ex-deputado federal, ex-ministro, ex-governador e ex-presidenciável, Ciro Gomes estreia nesta quarta-feira como comentarista esportivo da rádio Verdes Mares AM, de Fortaleza, analisando a seleção brasileira diante do México pela Copa das Confederações. O jogo começa às 16h e terá acompanhamento pelo Placar UOL Esporte.
"Para mim, isso é uma grande diversão. Rádio é uma paixão. Mas é também um treinamento para a Copa do Mundo", define o político que foi radialista na juventude acompanhando o Guarani de Sobral, seu time do coração.
Com carteirinha de cronista esportivo e credencial da Fifa (Federação Internacional de Futebol), Ciro se define como "scolarista fanático", tamanha é sua identificação com o treinador nacional. "Felipão assumiu, e o Brasil já é uma das maiores seleções do mundo", opina.
A relação vem de longe. Em 2002, Scolari declarou publicamente voto para o então candidato à Presidência, com direito a aparecer em seu site eleitoral. Por seu lado, Ciro apoiou o criticado técnico da seleção antes da campanha do pentacampeonato.
A aproximação entre os dois foi promovida pelo controvertido Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Teixeira foi colega de colégio de Tasso Jereissati, padrinho político de Ciro. Essas relações fez de Fortaleza o lugar ideal para a seleção brasileira naquela época. Foi lá que o Brasil conquistou a vaga para a Copa de 2002 e que Scolari fez seu jogo de despedida da seleção após o título mundial.
"Depois do penta, Teixeira queria chegar ao Brasil por Fortaleza porque estava brigado com o Fernando Henrique [Cardoso, então presidente]. Eu o aconselhei para seguir o protocolo e ir até Brasília", afirmou Ciro.
Sobre a política atual, o político que pensa não mais se candidatar a mais nenhum cargo critica os protestos de rua contra a Copa das Confederações. "Há uma desinteligência em associar o orçamento da Copa com outras áreas. Há uma falsa contradição entre Copa e educação ou Copa e saúde. O que o povo queria é que o governo tratasse as áreas essenciais da mesma maneira que tratou a Copa, com plano, prazo e investimento", argumenta.
Protestos na Copa das Confederações
Já a vaia que a presidente Dilma Rousseff recebeu na abertura em Brasília foi classificada por ele como "democrática". "Médici [presidente durante a ditadura militar] não recebia vaia no estádio. O brasileiro tem uma percepção da Dilma de razoável a boa, mas seu governo é muito ruim. O [presidente da Fifa, Joseph] Blatter contribuiu muito para a vaia", analisou o político que virou comentarista.
Ciro não viajou para Brasília para comentar a estreia do Brasil diante do Japão. Preferiu estrear em Fortaleza. E também não garante que vá a todas as partidas durante o torneio. O que ele confirma é que será novamente comentarista na Copa do Mundo de 2014.
Após se diplomar advogado, Ciro trabalhou na rádio Educadora de Sobral por cinco anos e teve passagens pela imprensa escrita (atualmente é colunista político da revista Carta Capital). Esta tarde ele volta a vida de radialista que abandonou no começo dos anos 1980.