Protagonista da queda de Teixeira, estádio Bezerrão precisa de reforma

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Brasília

  • Divulgação/Site oficial do Atlético-GO

    Imagem do Bezerrão, palco de um grande escândalo que hoje precisaria de uma reforma estrutural

    Imagem do Bezerrão, palco de um grande escândalo que hoje precisaria de uma reforma estrutural

O Bezerrão, principal arena do Distrito Federal até a reforma do Mané Garrincha, custou R$ 51 milhões aos cofres públicos e foi inaugurado com um amistoso entre Brasil e Portugal. O jogo, que teve suspeita de superfaturamento, ajudou a derrubar Ricardo Teixeira da presidência da CBF. Hoje, cinco anos depois do episódio, o estádio sofre com problemas estruturais que só seriam resolvidos com uma nova reforma.

"O estádio tem problemas estruturais que acabaram afetando com o decorrer dos anos. Ali tem um auditório que está condenado desde a inauguração. Tem algumas rachaduras. Quando chove a água entra e isso é terrível. Só uma grande reforma resolveria", disse Célio Renê, secretário-adjunto de esporte do DF.

A avaliação não significa que o estádio será, de fato, reformado. A secretaria explica que todos os laudos do estádio estão em dia e que ele não oferece riscos aos torcedores, e que não planeja investir no local tão cedo. O estádio, na verdade, foi construído pela gestão anterior do Governo do Distrito Federal, comandado por José Roberto Arruda, envolvido em diversos escândalos de corrupção. 

De qualquer forma, os problemas atuais ampliam o escândalo que foi a inauguração do Bezerrão em 2008. O estádio, construído no Gama, foi apresentado à população e à imprensa como um exemplo de arena moderna que o país teria nos anos seguintes. Seu jogo inaugural, uma festa com direito à presença de Pelé, terminou com um 6 a 2 da seleção brasileira sobre Portugal de Cristiano Ronaldo, à época prestes a ser eleito o melhor do mundo.

Fora de campo, sobraram suspeitas. A organização do jogo foi acusada de superfaturar os custos da operação, bancada por dinheiro público. A empresa responsável pelo serviço, a Ailanto Marketing, está sendo investigada pelo Ministério Público do Distrito Federal por ter desviado R$ 1 milhão da verba investida pelo governo local, de R$ 9 milhões.

A empresa foi acusada de ser de fachada, criada apenas para aquele contrato específico. No ano passado, a Folha de S. Paulo mostrou que a Ailanto tinha ligação com uma fazenda de Ricardo Teixeira. Mais tarde, revelou-se que Sandro Rossell, presidente do Barcelona, recebou uma parcela da verba envolvida. O episódio foi fundamental no processo que culminou na saída do cartola da presidência da CBF.

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Protagonista daquele escândalo, o Bezerrão sustentou boa parte do futebol local nos últimos anos. Desde a sua inauguração, ele abrigou entre três e quatro jogos por semana do futebol do DF. Gama, Botafogo-DF, Brasília, Sobradinho e CFZ mandam partidas no local. "Ele é o melhor estádio daqui, atrás só do Mané Garrincha. Por isso, ele é procurado por todos os clubes", disse Renê.

Apesar da necessidade de reforma, a secretaria não avalia mal o estádio, que está credenciado pela Fifa para receber treinos de alguma seleção durante a Copa de 2014. Na última semana, foi lá que a seleção japonesa treinou para enfrentar e perder do Brasil por 3 a 0. "Um equipamento desse precisa de manutenção. Acho que isso [presença no Mundial] mostra que ele está em um nível bom", disse Renê.

Manter o aparelho, no entanto, custa caro para o governo distrital. O estádio é alugado por valores que variam entre R$ 300 e R$ 4 mil, com o preço final dependendo da cobrança, ou não de bilheteria.

A verba é destinada para um fundo de esporte, que obriga que o montante seja reinvestido no setor. Com isso, o custo da manutenção fica todo para a Secretaria de Esporte. Com o novo Mané Garrincha, ele deve perder espaço no futebol local.

"A tendência é que ele receba menos jogos. A gente não consegue precisar quantos seriam porque isso depende da escolha dos clubes, mas isso é positivo. Com menos partidas, o gramado sofre menos, por exemplo", concluiu Renê. 

Ricardo Teixeira
Ricardo Teixeira

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