Mentores do projeto Copa, Teixeira e cia. veem festa da Fifa de longe

Gustavo Franceschini e Ricardo Perrone

Do UOL, em Brasília

  • AP Photo/Felipe Dana

    Orlando Silva, ex-ministro do Esporte, conversa com Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF e do COL

    Orlando Silva, ex-ministro do Esporte, conversa com Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF e do COL

O processo entre a escolha do Brasil como sede e o início do primeiro torneio de peso em solo nacional ceifou algumas das cabeças mais importantes do futebol brasileiro. Protagonistas em 2007, nomes como Ricardo Teixeira, Marco Antônio Teixeira, Joana Havelange e Orlando Silva Jr. hoje estão afastados da organização da Copa das Confederações, que começa neste sábado, em Brasília, com a partida entre Brasil e Japão.

A reviravolta é sensível e começa pelo cartola que dominou o esporte no país nos últimos 20 anos. Então presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira foi um dos principais responsáveis pela conquista do direito de organizar a Copa do Mundo, articulando nos bastidores da Fifa em uma eleição na qual o país não teve concorrentes.

Seu prestígio era tanto que ele conseguiu o direito de dividir-se entre a CBF e o COL (Comitê Organizador Local), algo pouco comum na história das Copas. Mas foi nessa situação que seu império ruiu.

Em sua última grande entrevista antes de renunciar à presidência da CBF, Ricardo Teixeira disse que quando chegasse a Copa do Mundo escolheria quem da imprensa teria ou não credencias para cobrir o evento. Pressionado por denúncias, não pôde fazer isso nem na Copa das Confederações - renunciou em março de 2012 para se exilar em Miami.

Junto com o cartola, outros personagens que ocupavam lugar de destaque acabaram caindo. No clã Teixeira, Joana Havelange, filha de Ricardo, posava como uma das principais figuras do COL (Comitê Organizador Local) no início do processo. Hoje tem pouco poder e aparece no noticiário quase que exclusivamente por conta de suas postagens pessoais nas redes sociais.

Marco Antônio Teixeira, tio de Ricardo, era secretário-geral da CBF. Demitido pouco antes da entrada do atual presidente, José Maria Marin, está em rota de colisão com o sobrinho e virou um dos líderes da oposição na confederação.

Mais adiante, um outro personagem ligado a Ricardo Teixeira sofreria com o ocaso. Amigo do antigo presidente, Andrés Sanchez não durou um ano abaixo de José Maria Marin, pediu demissão e hoje também milita contra Marco Polo del Nero, agindo nos bastidores.

Só que não foram só os cartolas que sofreram com a situação. No aspecto político, ninguém sofreu mais que Orlando Silva Jr. Ministro do Esporte, ele era figura ativa na organização da Copa do Mundo até a entrada de Dilma Rousseff no lugar de Lula. Hoje, se prepara para ver o início do período de grandes eventos de longe.

"Você está falando com um sujeito que tem uma restrição de observação [em relação à Copa das Confederações]. Estou mais ligado no meu mandato de vereador em São Paulo, em tentar construir uma mediação entre a Prefeitura e esses movimentos", disse Orlando Silva, referindo-se aos protestos por mudanças nos transportes coletivos que têm agitado a cidade.

Para Orlando Silva, uma das explicações para a queda de dominó que acometeu os protagonistas de 2007 é justamente a Copa do Mundo. "Eu bem sei o que significa isso. A turma monta uma história. No meu caso, passa anos e nada, nem fui ouvido. É um troço que você vê que tem um viés político. De fato, se colocam luzes, acirram as disputas e isso ganha uma repercussão", disse o ex-ministro.

Orlando Silva deixou a pasta em 2011 sob fortes denúncias de corrupção no Ministério do Esporte. A mais forte delas veio da revista Veja, que o acusou de ter recebido propina no estacionamento do ministério. O caso nunca foi provado. 

Ricardo Teixeira
Ricardo Teixeira

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