Copa poderá despejar 250 mil pessoas de suas casas, afirmam ONGs

Do UOL, em São Paulo

  • Reinaldo Canato/UOL

    Comunidades afetadas pelas obras da Copa do Mundo em São Paulo fazem protesto na avenida Paulista

    Comunidades afetadas pelas obras da Copa do Mundo em São Paulo fazem protesto na avenida Paulista

Os ônus da Copa do Mundo podem ir muito além dos gastos públicos em excesso. Para que as obras do evento sejam realizadas, até 250 mil pessoas podem ser despejadas de suas casas até o início do torneio em 2014, de acordo com pesquisas realizadas pela Ancop (Articulação Nacional dos Comitês Populares para a Copa) e pela ONG Conectas.

As informações foram divulgadas pela BBC. As organizações divulgaram, na Suíça, um mapeamento realizado nas 12 cidades-sedes da Copa do Mundo de 2014. De acordo com a representante da Ancop Larissa Araújo, famílias poderão ser prejudicadas por residirem em áreas próximas as obras ou por morarem em locais de disputa de jogos.

Tal censo foi divulgado juntamente com um vídeo, que flagrou famílias sendo forçadamente despejadas e casas sendo derrubadas diante de protestos de seus moradores. Outras informações ainda mostram que as indenizações cedidas às famílias despejadas de suas casas são insuficientes - média de 4 a 10 mil reais -. Além disso, algumas delas são assentadas em áreas muito distantes das originais.

"O valor dessas compensações transforma as pessoas em sem-teto no Brasil hoje", acusou Joana Kweitel, diretora da ONG Conectas.

A Ancop, por meio de um dossiê de junho de 2012, fez diversas denuncias em diferentes regiões do Brasil. Na Vila Autódromo, no Rio de Janeiro, 500 famílias foram ameaçadas de despejo. Em Recife, 200 casas foram marcadas para serem demolidas, sem aviso prévio aos moradores, para que a expansão do terminal de ônibus Cosme e Damião pudesse acontecer. Em Manaus, 900 famílias sofrem com o risco de serem desalojadas para a construção de uma rodovia. Em Belo Horizonte, 2,6 mil casas estão ameaçadas devido a um projeto de ampliação do anel viário no entorno do município. Em Curitiba também, onde 2 mil famílias sofrem com as obras de expansão do estádio Joaquim Américo Guimarães.

"É necessário que o governo brasileiro cumpra com as normas internacionais referentes ao direito à moradia no caso de remoções. Estas incluem a participação das comunidades na definição das alternativas, a transparência e direito à informação e também as compensações ou reassentamentos adequados", afirmou Raquel Rolnik, relatora da ONU para o Direito à Moradia Adequada, à BBC Brasil.

Além de todos os problemas, o Brasil ainda vem sofrendo com inúmeros atrasos em suas obras para a Copa do Mundo - seja nos estádios em construção ou em obras de infraestrutura, como ampliação de aeroportos e terminais rodoviários -.

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