"Sacrificado" por Felipão em 2002 diz não guardar mágoas e aposta em nova "família Scolari"

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

  • AFP

    Juninho em treino da Copa de 2002

    Juninho em treino da Copa de 2002

Comandante da seleção brasileira que visa conquistar o hexacampeonato mundial em casa em 2014, o técnico Luiz Felipe Scolari sempre foi reverenciado pelo título de 2002. O motivo é que, na ocasião, o treinador conseguiu criar um bom ambiente e fortaleceu a união entre os jogadores que disputaram a Copa do Mundo na Coreia do Sul e Japão.

A "família Scolari" ganhou relevância e virou um dos ícones do pentacampeonato do time nacional em 2002. Para isso, o técnico explorava os discursos emocionais, buscando, principalmente, manter o ânimo daqueles que não eram considerados titulares ou eram "sacrificados" por conta do esquema de jogo. Um campeão daquela Copa que pode ser exemplo disso é o hoje presidente do Ituano, o ex-meio-campista Juninho Paulista. 

Meia de armação e com qualidade na criação, ele teve de atuar longe do seu habitual, ao exercer uma função mais de marcação, auxiliando Gilberto Silva nesta tarefa. Com isso, Juninho acabou perdendo a posição no time titular e foi substituído por Kleberson a partir das quartas de final, contra a Inglaterra. Mesmo assim, o atual presidente do Ituano ficou no banco de reservas até a grande final e não esboçou nenhum tipo de reclamação contra o treinador.

Onze anos após a disputa, Juninho diz não ter queixa alguma por ter sido sacado e afirma que Scolari deu explicações para a troca. Apesar de perder a posição, o ex-meia diz ter sido premiado pelo treinador, ao colocá-lo em campo na final contra a Alemanha, quando o Brasil já vencia a partida.

"Foi tudo explicado. Quando o Felipão me tirou, explicou o porquê. Iríamos para o jogo contra Inglaterra e ele precisava reforçar o meio-campo. E aquela função não era minha posição. Disse que ia optar pelo Kléberson por ter mais poder de marcação. Falei que beleza, aceitei na boa, compreendi", disse.

  • Folha Imagem

    Juninho comemora gol com Scolari na Copa do Mundo de 2002


O hoje presidente do Ituano diz acreditar que o clima e ambiente criados entre os jogadores na preparação e disputa do Mundial foi fundamental para a conquista do pentacampeonato.

"Essa união foi preponderante, ajudou muito. Vínhamos de uma desconfiança muito grande pela Copa das Confederações e eliminatórias. Aos poucos fomos adquirindo a confiança lá. O primeiro jogo contra a Turquia foi uma coisa nervosa, mas depois vieram as vitórias e isso foi fortalecendo cada vez mais o grupo."

Juninho afirma que a seleção tem que usar a disputa da Copa das Confederações para que o grupo crie uma afinidade maior para ganhar corpo para a disputa da Copa. Segundo ele, esse tempo maior de convivência permitirá a criação de uma espécie de nova "família Scolari".

"Acho que é [momento de] um tentar conhecer o outro. O Brasil não teve esse tempo por estar classificado para a Copa do Mundo. Creio que o Felipão vá utilizar isso para os jogadores começaram a se conhecer. O Brasil já pegou uma cara. Demorou muito desde 2010 para ter cara, muitos jogadores foram testados e alguns sem até condições de servir a seleção. Agora está começando a ter um time base. Os próprios jogadores não sabiam quem era o time base. Agora o cara vai pegar confiança no companheiro, saber onde ele está", completou Juninho.

Luiz Felipe Scolari
Luiz Felipe Scolari

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