Jérôme Valcke admite ter Maracanã inacabado na Copa das Confederações
Vinicius Konchinski*
Do UOL, no Rio de Janeiro
No dia em que o Maracanã deveria sediar o seu segundo evento-teste antes da Copa das Confederações, o estádio passou, na verdade, por sua última inspeção para o torneio. Nesta quarta-feira, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, e outros membros do COL (Comitê Organizador Local da Copa do Mundo) estiveram na arena do Rio de Janeiro, que ainda está em ritmo acelerado de obras para poder receber três jogos do torneio-teste para o Mundial de 2014.
Valcke, acompanhado dos ex-jogadores Ronaldo e Bebeto, visitaram as partes internas do Maracanã e pisaram no gramado do estádio, o qual foi inaugurado no último dia 27 em uma partida amistosa. Todos também viram centenas de operários trabalhando do lado de dentro e fora do estádio quase um mês depois do dia em que o governo do Rio havia prometido concluir a obra.
Isso, contudo, não abalou o secretário-geral da Fifa. Ele elogiou o Maracanã e o chamou de "catedral do futebol". Apesar disso, admitiu a possibilidade de o estádio não estar 100% acabado para a Copa das Confederações. "Se nem tudo estiver 100% no entorno, não é o fim do mundo", disse ele.
A visita de Valcke fez parte da última viagem dele ao Brasil antes da Copa das Confederações. Na segunda-feira, ele esteve em Natal e inspecionou a Arena das Dunas, que não vai receber jogos do torneio. Na terça, foi a vez de Brasília, cujo estádio deveria ter sido concluído no mês passado, mas ainda está em obras.
Na quarta, Valcke chegou ao Rio. O Maracanã, palco da final da Copa das Confederações, foi justamente o último a ser visitado pelo secretário da Fifa na sua ronda final de viagens.
Atrasos e aumentos
Iniciada em 2010, a reforma do Maracanã para a Copa foi anunciada ao custo de R$ 600 milhões. Quando a reforma começou, em setembro daquele ano, seu orçamento já era de R$ 705 milhões. O prazo de entrega era dezembro de 2012.
O tempo passou e o custo subiu. O governo chegou à conclusão de que a demolição da cobertura do estádio era necessária. Com isso, o custo da reforma chegou a R$ 859 milhões. Neste mês, o governo publicou um aditivo do contrato da reforma do estádio. A obra passou a custar R$ 1,049 bilhão. Juntando outras adequações adicionais e outros contratos já assinados, as adequações só no estádio custam R$ 1,12 bilhão.
A CULPA É DOS IMPREVISTOS
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O "imponderável" foi o culpado pelo aumento de 87% no custo da reforma do Maracanã para a Copa do Mundo segundo o governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral.
Após seu governo assinar o décimo aditivo do contrato da obra no estádio e comprometer-se a pagar R$ 1,12 bilhão pelas adequações que inicialmente custariam R$ 600 milhões, Cabral afirmou que uma "série de variáveis não esperadas" ocasionou a alteração no orçamento.
Conforme o custo da obra ia subindo, sua entrega também ia sendo adiada. Quando o governo decidiu reconstruir a cobertura, ela passou para o final de fevereiro. Depois, no início deste ano, o governo anunciou que a reforma só acabaria 27 de abril.
Quando o governo divulgou esse aditivo, o UOL Esporte o questionou sobre o fim das obras do Maracanã. O governo ratificou que elas terminariam em abril. Em visita ao estádio nesta quarta-feira, a reportagem constatou que ainda há muito a fazer.
O secretário estadual da Casa Civil, Regis Fichtner, entretanto, negou qualquer possibilidade do estádio ser entregue inacabado à Fifa. Ele afirmou que as obras vão até o próximo dia 24. A partir desta data, o governo trabalhará somente na construção de estruturas temporárias que serão usadas no torneio.
*Atualizada às 14h22