De olho no cofre

Após custo quintuplicar, Curitiba cancela obra de mobilidade da Copa

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Everson Bressan/divulgação/PDT

    Prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (de vermelho), prometeu melhorias na mobilidade quando era candidato

    Prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (de vermelho), prometeu melhorias na mobilidade quando era candidato

A Prefeitura de Curitiba desistiu oficialmente de concluir uma das sete obras de mobilidade urbana que prometeu para a Copa do Mundo de 2014. Após ver o custo do corredor da Avenida Cândido de Abreu quintuplicar, a administração da capital do Paraná abandonou o projeto e já solicitou a sua exclusão da Matriz de Responsabilidades do Mundial, documento que lista os preparativos para o torneio.

A obra corredor Cândido de Abreu foi anunciada em meados de 2010, quatro anos antes do início da Copa. Foi planejada para revitalizar uma área nobre de Curitiba, perto do centro cívico da capital, mas que precisa de algumas melhorias para tráfego de veículos e pedestres.

Seu projeto recebeu o apoio da Caixa Econômica Federal ainda em setembro de 2010. O banco estatal se comprometeu a financiar R$ 4,9 milhões da obra, que custaria cerca de R$ 5,15 milhões. Ou seja, de todo o investimento necessário para construir o corredor, menos de 5% sairia imediatamente dos cofres da prefeitura.

Apesar disso, a obra não saiu do papel. Inicialmente, ela deveria estar pronta em março de 2012. Naquela época, no entanto, a prefeitura ainda trabalhava no detalhamento do projeto do corredor. Conforme esse trabalho evoluiu, o custo subiu e a data de entrega foi adiada.

Só em maio de 2012, quando a obra já deveria estar pronta, é que prefeitura finalizou um projeto detalhado do corredor. O custo da obra subiu de R$ 5,1 milhões para R$ 14,2 milhões –176% a mais do que o previsto. E mesmo assim, a construção em si não começou.

Meses depois, novo aumento. A prefeitura descobriu que o projeto detalhado do corredor não contemplava obras de drenagem necessárias nas duas extremidades da pista que seria renovada. Para incluir isso na construção do corredor, a obra toda custaria R$ 26,2 milhões, cinco vezes mais do que o orçamento anunciado em 2010.

Resultado: a prefeitura resolveu que vale mais a pena desistir da obra do que gastar para revitalizar a área. "Não tínhamos como arcar com esses valores e tampouco conseguiríamos cumprir os prazos previstos na Matriz de Responsabilidade", disse o presidente do Ippuc (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba), Sérgio Póvoa Pires.

Obras na Arena da Baixada
Obras na Arena da Baixada

Atraso geral

Não é só no Corredor Cândido de Abreu, entretanto, que Curitiba registra problemas com suas obras de mobilidade para a Copa. Das oito obras programadas, sete são de responsabilidade da prefeitura. Todas teriam que estar prontas no fim de 2012. Uma já foi cancelada e as outras seis ainda não foram concluídas.

OBRAS MUNICIPAIS PARA A COPA DO MUNDO EM CURITIBA

Obra Custo inicial Prazo inicial Custo atual Prazo Execução
Corredor Aeroporto/Rodoferroviária R$ 107,2 milhões dez/12 R$ 160,3 milhões mai/14 11%
Sistema Integrado de Monitoramento R$ 69,1 milhões dez/12 R$ 69,1 milhões fev/14 52%
Requalificação da Rodoferroviária R$ 36,2 milhões dez/12 R$ 48,9 milhões mai/14 16%
BRT Linha Verde R$ 18,8 milhões dez/12 R$ 20,6 milhões mai/14 Paralisada
Requalificação Terminal Santa Cândida R$ 12,1 milhões out/12 R$ 12,1 milhões abr/14 8%
Corredor Marechal Deodoro R$ 30,3 milhões dez/12 R$ 52,2 milhões mai/14 68%
Total R$ 273,7 milhões   R$ 363,2 milhões    

Três delas, inclusive, têm etapas importantes a serem cumpridas. A construção do corretor de ônibus BRT Linha Verdade foi paralisada ainda em 2010 por causa de uma falha no projeto. Isso levou a mudanças no custo da empreitada. A construtora responsável, então, abandonou a construção, que terá de ser licitada novamente.

Outras duas obras ainda precisarão passar por licitação. Trechos do Corredor Aeroporto/Rodoferroviária e da Marechal Floriano ainda precisam ser contratados.

Apesar de tudo isso, a Prefeitura informou que nenhuma outra obra de mobilidade da Copa será cancelada. Admitiu os atrasos e as dificuldades, mas confirmou que terminará tudo antes do Mundial de 2014.

Obras para a Copa de 2014
Obras para a Copa de 2014


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