Maracanã dará lucro de R$ 1,4 bi a concessionária e perda de R$ 111 mi a RJ
Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Ricardo Moraes/Reuters
Cobertura do Maracanã é colocada em uma das etapas finais da obra para a Copa
A privatização do Maracanã deverá dar um lucro de R$ 1,4 bilhão à empresa que assumir o controle do estádio pelos próximos 35 anos. Durante esse período, porém, o governo do Rio de Janeiro, dono do complexo esportivo, amargará uma perda de R$ 111 milhões por ceder o espaço à iniciativa privada.
Os valores são algumas das conclusões do estudo de viabilidade econômica da concessão produzido a pedido do próprio governo. A análise foi feita pela IMX, empresa do bilionário Eike Batista. Foi com base nela que a administração estadual decidiu que privatizar o estádio é a melhor alternativa econômica para depois da Copa do Mundo.
O estudo traça expectativas sobre quanto a futura concessionária do Maracanã ganhará e gastará por ano enquanto estiver administrando o complexo. Prevê também quanto o Estado do Rio de Janeiro receberá ou deixará de arrecadar para abrir mão do controle do mais famoso estádio do país, já reformado para o Mundial de 2014.
De acordo com esse estudo, a concessionária do Maracanã recuperará em 12 anos todo o investimento que terá de ser feito no estádio e seu entorno por causa da privatização. Nesse período, os R$ 594 milhões que serão gastos para demolir e reconstruir o Parque Aquático Julio Delamare e o Estádio de Atletismo Célio de Barros, para erguer os novos estacionamentos e fazer outras obras obrigatórias, já terão sido abatidos dos ganhos que a empresa terá vendendo ingressos, camarotes e alugando o Maracanã para shows. Depois disso, são 23 anos de lucro.
Segundo a previsão da IMX, entrarão cerca de R$ 63 milhões anualmente no caixa da futura concessionária do Maracanã, já descontados os custos para manter o estádio. Em 35 anos, portanto, a administradora do estádio terá acumulado em lucro líquido de R$ 1,4 bilhão.
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E o governo?
Já o governo do Rio de Janeiro, de acordo com a IMX, amargará uma perda anual de R$ 7,9 milhões nos 35 anos em que não terá o controle do Maracanã. Isso porque abrirá mão de um ganho de R$ 12,1 milhões que o estádio lhe dá todo ano. Em troca, receberá R$ 4,2 milhões da empresa que ganhar a licitação do estádio.
Esses valores são os previstos no estudo da IMX. O governo do Rio de Janeiro chegou a estabelecer que a concessionária pague, no mínimo, R$ 4,5 milhões por ano pela outorga do estádio. No entanto, no próprio estudo de viabilidade da concessão, a IMX prevê que só R$ 4,2 milhões por ano chegue aos cofres estaduais.
Assim, tirando do que o governo vai ganhar o que ele perderá com a privatização do estádio, a concessão terá um custo de R$ 111 milhões aos cofres públicos.
Reforma para a Copa
Vale ressaltar que desse custo ao Estado não entra o que o governo já investiu no Maracanã antes de privatizá-lo. Só na última reforma do estádio, que visa adequá-lo para a Copa do Mundo de 2014, o Estado já comprometeu de R$ 932 milhões.
Se for considerado o custo das reformas feitas para o Mundial de Clubes da Fifa, em 2000, e os Jogos Pan-Americanos de 2007, o investimento público no estádio chega a cerca de R$ 1,5 bilhão. Nenhuma parte desse valor será recuperado.
Em compensação, depois de 35 anos, o governo receberá de volta o Maracanã com todas as obras feitas pela concessionária. Procurado pelo UOL Esporte, o governo do Rio de Janeiro informou que o cálculo dos custos da concessão para os cofres públicos estão incorretos justamente porque não consideram os R$ 594 milhões que serão investidos pela empresa.
Contudo, boa parte desse investimento vai substituir equipamentos que só serão demolidos para a privatização. Nesse cálculo entra, por exemplo, a reconstrução da Escola Municipal Friedenreich, que só será posta abaixo na concessão.