De olho no cofre

Prefeitos eleitos vão alterar projetos de obras em cidades-sede da Copa de 2014

Rodrigo Durão Coelho, Vinícius Segalla e Vinicius Konchinski

Do UOL, em São Paulo e no Rio de Janeiro

  • Divulgação

    O projeto de monotrilho para Manaus (AM): obra era considerada essencial, mas vai ficar para 2016

    O projeto de monotrilho para Manaus (AM): obra era considerada essencial, mas vai ficar para 2016

As eleições municipais deste ano irão mudar o rumo da preparação para a Copa do Mundo em algumas cidades-sede. Oito das 12 capitais escolhidas para receber os jogos do Mundial de 2014 terão novos prefeitos a partir de 2013. Alguns deles já assumem o cargo com o compromisso de rever projetos elaborados para o torneio e prometem até mudá-los caso achem isso necessário.

No caso mais extremo, de Manaus (AM), prefeito eleito e governador já se reuniram e anunciaram que não irão entregar as duas principais obras de mobilidade urbanas programadas para a cidade.

CONHEÇA OS PREFEITOS

Cidade-sede Prefeito
Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB) - reeleito
Brasília Governo distrital
Cuiabá Mauro Mendes (PSB)
Curitiba Gustavo Fruet (PDT)
Fortaleza Roberto Cláudio (PSB)
Manaus Arthur Virgílio (PSDB)
Natal Carlos Eduardo (PDT)
Porto Alegre José Fortunati (PDT) - reeleito
Recife Geraldo Júlio (PSB)
Rio de Janeiro Eduardo Paes (PMDB) - reeleito
Salvador ACM Neto (DEM)
São Paulo Fernando Haddad (PT)

Nas cidades-sede, boa parte das obras de mobilidade urbana está a cargo das prefeituras. Os projetos já constam da lista oficial de preparativos para a Copa do Mundo assinada em 2010, a chamada Matriz de Responsabilidades do Mundial. Nada impede, entretanto, que um novo prefeito faça alterações em construções em andamento ou em fase de projeto.

Em Curitiba (PR), por exemplo, o prefeito eleito Gustavo Fruet (PDT) informou ao UOL Esporte que pretende rever o projeto de uma ponte estaiada já contratado. A ponte ficará em uma avenida que liga o aeroporto à rodoviária. Essa avenida terá um corredor para tráfego exclusivo de ônibus para transportar os turistas que virão para a Copa. Fruet, porém, considera o projeto caro e diz que irá alterá-lo.

"O projeto para a construção da ponte estaiada sobre a Avenida das Torres terá que ser revisto" declarou. " Vamos realizar uma revisão criteriosa no contrato assinado pelo atual prefeito, o qual tem um custo muito elevado [R$ 84 milhões]. O valor poderia ser utilizado de melhor forma com a construção de passagens de nível no decorrer da mesma via."

Fruet, contudo, disse que pretende analisar minuciosamente cada contrato de obras para a Copa para poder garantir que, mesmo com mudanças, elas fiquem prontas a tempo.

O prefeito eleito de Natal (RN), Carlos Eduardo (PDT), também disse que mudanças podem ocorrer. Ele afirmou que pretende estudar todos os projetos antes de anunciar qualquer alteração em planos, mas adiantou: "Até agora, nem a prefeitura [atual] sabe qual será finalmente o projeto", disse ele, criticando a atual gestão, de Micarla de Sousa (PV). 

Micarla era prefeita de Natal até a última quarta-feira. Nesta semana, a Justiça do Rio Grande do Norte determinou seu afastamento por suspeitas de envolvimento em uma esquema de corrupção. O prefeito eleito, Carlos Eduardo, disse cogitar mudanças nos projetos de mobilidade urbana para "reduzir o número de desapropriações". O plano atual prevê a desapropriação de 429 imóveis, entre residências e empreendimentos comerciais, mas os valores das indenizações ainda estão indefinidos, travando o andamento das obras.

SP: OBRA PRONTA NO MEIO DA COPA

  • Folhapress

    O contrato firmado entre o governo do Estado de São Paulo e o consórcio responsável pela construção da Linha 17 do metrô, prevista para fazer a ligação entre o aeroporto de Congonhas e a rede CPTM de trens metropolitanos, determina que a obra tem que ser entregue até o dia 27 de junho de 2014, ou seja, 15 dias após o início da Copa do Mundo de 2014. LEIA MAIS

Já em Cuiabá (MT), o plano é acelerar a preparação. O prefeito eleito, Mauro Mendes (PSB) disse que pretende lançar no seu primeiro mês à frente da capital de Mato Grosso o plano Cuiabá 500, marcando os 500 dias que faltarão para o início do Mundial de 2014.

Segundo Mendes, dentro do plano Cuiabá 500, a prefeitura vai integrar os sistemas de ônibus da cidade com a principal obra do estado para a Copa: o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), cuja construção custará R$ 1,47 bilhão e está sob suspeita de corrupção, com quatro investigações acontecendo, da Polícia Civil, e dos ministérios públicos estadual e federal.

Em Manaus, as duas principais obras de mobilidade urbana constantes na Matriz de Responsabilidades, uma linha de monotrilho, a cargo do governo amazonense, e um sistema de corredores exclusivos para ônibus (BRT), tarefa da prefeitura, orçados em R$ 1,6 bilhão e ainda no papel, serão simplesmente retirados do projeto da Copa.

É isso que anunciaram o governador do Estado, Omar Aziz (PSD), e o prefeito eleito, Arthur Virgílio (PSDB), após reunirem-se pela primeira vez após as eleições, no dia 30 de outubro. "Não teremos tempo para concluir esses projetos até 2014. Tanto o monotrilho, quanto o BRT, dificilmente teriam condições de serem concluídos até a Copa", afirmou o governador, no que foi endossado pelo prefeito eleito de Manaus: "Dialogamos sobre a implantação ao longo de quatro anos de um sistema de transporte de massa moderno".

Simples assim. O que era considerado como obras essenciais para a realização da Copa com sucesso em Manaus, e portanto receberia mais de R$ 1 bilhão em investimentos federais, agora pode ficar para 2016.

E, para que o trânsito na cidade não fique caótico em dia de jogos, o governador tem a solução: "A capacidade da Arena da Amazônia é de 42 mil pessoas, isso cabe facilmente no Sambódromo (onde acontecem eventos todos os anos na cidade). As pessoas vão, estacionam e ninguém reclama da mobilidade. No dia da Copa, se decreta feriado municipal e não vai ter problema na mobilidade".

O UOL Esporte também consultou outros prefeitos eleitos para saber seus planos relacionados à Copa. ACM Neto (DEM), de Salvador (BA), Roberto Cláudio (PSB), de Fortaleza, Fernando Haddad (PT), de São Paulo, e Geraldo Júlio (PSB), de Recife, não informaram alterações em planos para a Copa do Mundo em suas cidades. Marcio Lacerda (PSB), de Belo Horizonte (MG), José Fortunati (PDT), de Porto Alegre (RS), e Eduardo Paes (PMDB), do Rio de Janeiro, não foram procurados, pois são prefeitos reeleitos.

O Ministério do Esporte monitora a preparação de todas as cidades para a Copa do Mundo. Segundo o órgão, nenhuma proposta de alteração em projetos foi encaminhada ao ministro Aldo Rebelo por cidades-sede que tiveram eleições. Segundo o ministro, caso cheguem, os novos projetos serão analisados, desde que não comprometam sua conclusão até o início do torneio. Aparentemente, Rebelo ainda não teve tempo de conversar com as autoridades de Manaus e Amazonas.

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