Com tablet na mão, olheiro da CBF corre atrás de promessas da geração pós-Neymar
Paulo Passos
Do UOL, em São Paulo
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Paulo Passos
Bruno Costa, de casaco preto, observa jogo da Copa do Brasil sub 20, no Canindé
Faltam 10 minutos para começar o jogo entre Portuguesa e Atlético-MG, pelas oitavas de final da Copa do Brasil sub 20, e Bruno Costa já estava no camarote do estádio do Canindé, em São Paulo. Com um iPad apoiado na perna direita e fichas dos jogadores dos dois times na esquerda, o olheiro da CBF se prepara para, na mesma terça-feira, ver a sua segunda partida do dia. Cerca de uma hora antes, ele deixava a Vila Belmiro, onde assistiu à vitória do Santos sobre o Goiás, válida pelo mesmo torneio. Um dia depois, ele estava no estádio Caio Martins, em Niteroi, para assistir a Botafogo e Sport.
A rotina de idas a estádios para ver jogos é comum a Costa desde março deste ano. Nas contas do olheiro da CBF, ele já esteve em quinze estados do Brasil. O foco atual é buscar nomes para a seleção sub 20, que disputará o Sul-Americano no início de 2013.
"Já temos mais de 100 jogadores mapeados", diz o olheiro. "Mais importante que ver o atleta jogando é ter as referências, falar com o clube, com técnico, preparador. Saber quem ele é. Não adianta ser fenômeno dentro de campo e ser um vagabundo", completa.
No seu cartão profissional, Costa se apresenta como observador técnico do departamento de seleções da CBF. Ele e o treinador Emerson Ávila são os únicos funcionários contratados das categorias de base da confederação.
Durante o jogo no Canindé, ele faz poucas anotações. Todas no iPad. O restante do tempo é ocupado por conversas com Junior, um amigo ex-jogador que o acompanhou na partida e com o supervisor das categorias de base do Palmeiras, Raul Pires Fachini, que também estava no camarote. "Te falei que o Atlético-MG vinha fechadinho. Te falei, pô", comenta com os amigos.
OLHEIRO APOSTA EM NOVA GERAÇÃO
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Bruno Costa acredita que a geração pós-Neymar tem qualidade. O olheiro destaca alguns jogadores que disputam a Copa do Brasil sub 20, como Diego Cardoso (FOTO), atacante do Santos, e Douglas Carvalho, lateral-esquerdo do Náutico. "Isso sem contar que temos mais de 15 jogadores sub 20 que jogam com frequência nos times principais dos seus clubes, como Felipe Anderson, do Santos, e Wellington Nem, do Fluminense" diz.
Na conversa, o assunto é, claro, futebol. "Quem conhece futebol sabe o que estou falando", repete Costa após cada opinião. "Trabalho há 15 anos nisso aqui. Muito difícil a gente errar uma previsão", diz o olheiro de 31 anos.
Bruno Costa é filho do presidente da Federação de Futebol do Estado de Rondônia. Ele nega que a posição do pai teve influência para a sua escolha para o cargo na CBF.
"Estudei gestão do esporte nos Estados Unidos. Além da seleção, trabalhei com sucesso no Fluminense e no Figueirense. Sou bem relacionado no meio pelo o que eu já fiz", defende.
Formado em administração do Esporte pela Florida International University, ele tentou seguir a carreira de jogador durante a faculdade. Na volta ao Brasil, em 2001, após seis nãos nos Estados Unidos, jogou por 3 meses no Bragantino.
"Eu era meia, mas vi que jogava bem mais ou menos. Ai resolvi estudar e seguir no futebol de outra maneira", afirmou.