O Ministério das Cidades foi o órgão do governo federal que aprovou a construção do VLT de Cuiabá, orçado em R$ 1,47 bilhão. Foi com o aval da pasta, que o governo do Mato Grosso conseguiu os financiamentos necessários para poder licitar a obra do trem urbano.

Nesta sexta-feira, o UOL revelou que a concorrência para a construção da linha do VLT pode ter sido fraudada. Um assessor especial do governo de Mato Grosso, Rowles Magalhães Pereira da Silva, disse que o resultado da licitação foi direcionado.

Segundo ele, o consórcio vencedor, o VLT Cuiabá, teria pago R$ 80 milhões a membros do governo para garantir que venceria a licitação. Por causa disso, o resultado da concorrência era conhecido um mês antes da abertura das propostas.

Apesar disso, o Ministério das Cidade informou que não vai tomar nenhuma medida imediata a respeito da obra. O órgão disse que vai aguardar a apuração das denúncias e, só se for necessário, tomará as medidas cabíveis. "O Ministério das Cidades aguardará a conclusão da apuração para, se necessário, tomar as devidas providências."

Nesta sexta, o governo de Mato Grosso, Silval Barbosa, determinou uma apuração das suspeitas reveladas pelo UOL. O Ministério Público Federal e o Ministério Público do Estado de Mato Grosso também anunciaram a criação de um inquérito civil para investigar o caso.

Licitação dirigida

A licitação para definir o consórcio construtor do VLT de Cuiabá tinha o seu vencedor conhecido um mês antes da entrega das propostas dos consórcios concorrentes e da abertura dos envelopes.

No dia 18 de abril deste ano, uma mensagem cifrada publicada no jornal Diário de Cuiabá revelou que o Consórcio VLT Cuiabá, formado pelas empresas Santa Bárbara, CR Almeida, CAF Brasil Indústria e Comércio, Magna Engenharia Ltda e Astep Engenharia Ltda, sairia vencedor do certame. O MP-MT (Ministério Público de Mato Grosso) foi informado sobre a mensagem e como decifrá-la.  A abertura dos envelopes foi realizada no dia 15 de maio, confirmando o resultado.

O UOL também havia tomado conhecimento da informação semanas antes do evento. Em 22 de abril, Rowles Magalhães Pereira da Silva, assessor especial do vice-governador do Estado de Mato Grosso, adiantou que o consórcio VLT Cuiabá venceria a licitação. Rowles afirma ainda que integrantes do governo estadual receberam uma propina da ordem de R$ 80 milhões para viabilizar o negócio, e que o acerto para determinar o vencedor fora articulado entre os três consórcios primeiros colocados na concorrência.