Marinho Saldanha/ UOL Esporte

Uruguaios lotaram bares de Porto Alegre para acompanhar estreia contra a França

11/06/2010 - 18h33

Uruguaios e 'intruso' festejam empate com a França em bares de Porto Alegre

Marinho Saldanha e Jeremias Wernek
Em Porto Alegre

Passava pouco das 15h desta sexta-feira, quando os bares de Porto Alegre trocaram o verde e amarelo pelo azul celeste. A estreia do Uruguai movimentou vários pontos da capital do Rio Grande do Sul. Com uma colônia forte e ativa no sul do Brasil, os quase 100 uruguaios conquistaram até os brasileiros presentes. O sofrimento ao final da partida e o 0 a 0 não desanimaram os 'hermanos' que deixaram os estabelecimentos comemorando. Em meio a eles, um intruso francês, que assistiu a partida sem nem um suspiro.

PRESENÇA ILUSTRE NO MEIO DA TORCIDA

  • Marinho Saldanha/UOL Esporte

    Consulesa do Uruguai, Rosario Fons conteve suas emoções e avisou: "Não entendo nada de futebol"

A cada lance certo, seja da defesa ou do ataque, o clima de estádio tomava o estabelecimento. Palmas, gritos, cânticos que embalam jogos de futebol, tudo lembrava mais o estádio Nacional de Montevidéu do que os tranquilos bares da cidade em uma sexta-feira à tarde.

"É uma emoção muito grande, faz tempo que o Uruguai não figura entre os principais selecionados do Mundo, agora temos essa chance novamente", disse Nelson Moreno, gerente do La Passiva Bar.

A consulesa uruguaia em Porto Alegre, Rosario Fons não perdeu a compostura, mas não evitou de comemorar a cada lance. Em uma mesa repleta de conterrâneos, a celebridade continha os gritos.

Um francês "inimigo da massa"

Como cardápio o tradicional churrasco uruguaio e cerveja nacional, para animar o povo que assistia a partida. Até os cozinheiros, garçons e brasileiros presentes já torciam para o Uruguai, lamentando cada chance perdida.

Porém, havia um intruso na torcida da celeste. Chris Naciri, francês, foi convidado por Felipe Andrade, amigo brasileiro com nacionalidade uruguaia, e topou o desafio de assistir o jogo em meio a 'inimigos'. "Estou me sentindo meio desconfortável, pareço o inimigo da galera", disse Chris.

Enquanto isso Felipe, se divertindo com a situação e trajado com as cores do Uruguai, alertava o amigo. "Eu avisei para ele como seria, se o Uruguai ganhar vou 'cornetar' sim, trouxe ele aqui para isso. O problema é que ele não aceitou vir com a camisa francesa", explicou.

O INIMIGO DA GALERA

  • Marinho Saldanha/UOL Esporte

    Chris Naciri(e), francês, assistiu o jogo em bar de opoentes e se obrigou a não comemorar na estreia

Chris passou o primeiro tempo quieto enquanto o Uruguai atacava, mas quando os franceses chegavam a frente o quadro não se alterava. "Se a França marcar acho que não vou comemorar, vou conter essa felicidade somente para mim, não poderei explodir", revelou. "Eles chegaram lá de uma maneira lastimável, foi vergonhoso, mas o futebol tem esta malícia, é coisa do esporte', complementou se referindo ao gol irregular que levou a França ao Mundial.

No intervalo da partida, a consulesa atendeu a imprensa e já foi logo avisando. "Não entendo nada de futebol, mas estou achando muito bom compartilhar com outros uruguaios a alegria de uma Copa do Mundo", disse.

Loco Abreu anima a torcida

No Brasil há 3 anos, Rosario Fons também demonstrou apreço ao povo local. "Se o Uruguai sair, eu torcerei para o Brasil", revelou. Em uma mesa animada, a consulesa do país vizinho se emocionou com tantos amigos presentes. "Quando se está fora do país é muito bom receber outros uruguaios para celebrar", afirmou. Ao final do rápido bate papo, ela sacramentou: "Será 2 a 0 para o Uruguai, 1 dos gols será do Loco Abreu", garantiu.

Aos 22 minutos, uma comemoração como de gol marcou a entrada do centro avante do Botafogo pela seleção uruguaia. Loco Abreu levantou os já cansados torcedores que acompanhavam a partida, então empatada em 0 a 0.

Só que, nem mesmo Loco Abreu foi capaz de abrir o marcador. Lodeiro ainda foi expulo e o confronto terminou 0 a 0, com uma forte pressão francesa no final.

O diferencial oriental

CRENÇA NA GARRA CHARRUA

  • Jeremias Wernek/UOL Esporte

    Wilson Pereira (c) não gostou da atuação do Uruguai na estreia, mas acredita na classificação

Em outro ponto da cidade, a presença de uruguaios satisfeitos também foi forte. A pressão final da França não abateu nem sequer o mais brasileiro dos filhos do lado oriental do Rio da Prata.

“Nunca vi minha seleção estrear com vitória na Copa”, disse Wilson Pereira, que reside em Porto Alegre desde 1981. “Não fomos bem, mas temos algo que os outros times não tem: a nossa garra charrua”, completou o torcedor.

No segundo restaurante que acumulou os torcedores de Lugano e Forlán, a torcida foi mais comedida. A cada tentativa francesa gritos. Expressão repetida nas vezes que o setor ofensivo foi acionado.

O empate deixa todos os integrantes do Grupo A da Copa empatados com um ponto. “O grupo é difícil, mas acho que podemos passar, sim. O Uruguai sempre se recupera depois”, finalizou Pereira. Banho de água fria?, que nada o que se ouvia na saída eram as mesmas músicas, palmas e a animação inicial.
 

 

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