02/12/2009 - 14h27

Fifa veta tecnologia ou mais árbitros na Copa-10 e estuda mudança nas eliminatórias

Alexandre Sinato
Na Cidade do Cabo (África do Sul)

Joseph Blatter, presidente da Fifa, informou nesta quarta-feira que a Irlanda retirou o pedido para ser a 33ª seleção da Copa de 2010. "Recebemos a carta deles e isso está bem assim." Os irlandeses tentaram ser incluídos no Mundial porque foram eliminados pelo gol anotado em condição irregular pela França. Henry usou a mão antes de dar assistência para Gallas na partida da repescagem.

Blatter revelou que falou com Henry há três dias, mas evitou comentar a punição que o atacante francês deve receber. A comissão disciplinar da Fifa avalia o caso. "Foi uma conversa entre dois esportistas. Ele está ciente do que fez e preocupado. Entendo sua situação, pois fui atacante e usava a mão, mas para empurrar os jogadores."

Mas se por um lado adotou tom político com Henry, o presidente da Fifa deixou claro seu recado e o que espera principalmente na Copa da África do Sul. "Temos que pedir aos jogadores, os verdadeiros protagonistas do futebol, que defendam o jogo limpo e sejam modelos para os jovens do mundo todo."

A Copa do Mundo de 2014, no Brasil, pode ter mudanças nas eliminatórias e também nas regras do jogo, mas o Mundial na África do Sul não terá qualquer novidade. Essa foi a conclusão do Comitê Executivo da Fifa após a reunião extraordinária realizada nesta quarta-feira, na Cidade do Cabo.

Presidente da entidade, o suíço Joseph Blatter descartou qualquer possibilidade de adotar novos recursos para ajudar a arbitragem na Copa de 2010. Embora a Fifa cogite o auxílio tecnológico ou o aumento de árbitros em campo, tais alterações só poderão acontecer após o Mundial.

“Vamos voltar a estudar o tema da tecnologia ou de ter mais pessoas controlando o jogo, mas isso será estudado por uma comissão de árbitros, técnica e até médica. Eles é que analisarão o assunto e depois darão sugestões. Só no futuro veremos como essas coisas podem funcionar”, comentou Blatter.

Segundo o suíço, a possível intervenção tecnológica ocorreria apenas para decidir se a bola passou ou não a linha do gol. “Não podemos, por exemplo, buscar soluções tecnológicas para analisar os impedimentos ou ver se houve um puxão de camisa. Isso é impossível. Não interromperemos o jogo para saber se houve falta ou não. O futebol não é como o tênis e não pode perder seu caráter humano.”

A outra medida estudada pela Fifa é a adoção de dois novos assistentes em campo, um atrás de cada gol. Tal experiência já acontece atualmente na Liga Europa. “Só saberemos se os testes foram positivos ao fim da temporada.”

Blatter também falou da possível mudança no sistema das eliminatórias para a Copa do Mundo. A Fifa analisa a possibilidade de acabar com a repescagem entre diferentes continentes e também pode vetar eventuais partidas de desempate. As cenas de violência que marcaram o duelo extra entre Argélia e Egito em novembro, no Sudão, preocuparam a entidade.

“Talvez a gente deva incluir outra solução caso haja igualdade de gols e pontos. O futebol não deve gerar brigas ou problemas, mas contribuir para solucioná-los. Argélia e Egito vão se enfrentar novamente na Copa das Nações Africanas e estarei lá. Espero que eles se reúnam para discutir seus problemas”, avisou Blatter.