Justiça nega pedido de soltura e executivo acusado de cambismo segue preso
Vinicius Konchinski*
Do UOL, no Rio de Janeiro
A Justiça do Rio de Janeiro negou o pedido de extensão do primeiro habeas corpus dado a Raymond Whelan, executivo inglês acusado de chefiar a máfia do ingresso. A decisão foi tomada pela desembargada Rosita Maria de Oliveira Netto e confirmada pela assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Rio nesta quarta-feira (16). Com o despacho, Whelan seguirá preso em Bangu 10.
Whelan conseguiu um habeas corpus a seu favor horas depois de ser preso pela primeira vez pela Polícia Civil do Rio de Janeiro há dez dias. Essa prisão era temporária. Uma decisão favorável a Whelan determinou que ele não permanecesse preso temporariamente.
Acontece que a Justiça decretou na quinta-feira (10) a prisão preventiva do executivo. A defesa de Whelan recorreu pedindo que o habeas corpus da prisão temporária fosse estendido para a prisão preventiva. Isso foi negado.
Ainda tramita na Justiça, porém, um novo pedido de habeas corpus para Whelan. Esse foi protocolado após a prisão preventiva dele. Ainda não há decisão final sobre a solicitação. Em decisão liminar (provisória), o pedido já foi negado.
Whelan está preso desde segunda-feira (14). Ele se apresentou à Justiça após ficar quatro dias foragido.
Whelan era procurado desde quinta-feira (10), quando a Justiça decretou sua prisão preventiva. No momento em que a prisão foi decretada, Whelan estava hospedado no Copacabana Palace, junto à alta cúpula da Fifa. Minutos depois, deixou o hotel pela porta dos fundos, acompanhado do seu advogado Fernando Fernandes. Quando a polícia chegou para deter o executivo, ele já não estava mais no hotel.
Fernandes, aliás, será indiciado pela polícia porque suspostamente teria ajudado Whelan a fugir. O advogado obteve na Justiça uma decisão judicial que o autoriza a faltar a depoimentos sobre o caso.
Fernandes havia sido convocado a depor nesta quarta. Não apareceu. Foi representado por um advogado, que informou a polícia que Fernandes não vai depor.
Operação Jules Rimet
A operação que desbaratou a máfia dos ingressos foi batizada de Jules Rimet, em alusão ao nome do primeiro presidente da Fifa. Ela é resultado de mais de um mês de investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro e Ministério Público.
Na operação, quase 200 ingressos da Copa já foram apreendidos, além de dinheiro e máquinas para pagamento em cartão de crédito. Os bilhetes pegos pela polícia eram reservados pela Fifa a seus patrocinadores, a clientes de pacotes de hospitalidades e até a membros de comissões técnicas. Dez ingressos, inclusive, eram reservados a integrantes da comissão técnica da seleção brasileira.
Segundo a Polícia Civil, a quadrilha vendia ingressos por até R$ 35 mil. Com isso, lucrava até R$ 1 milhão por jogo.
A polícia informou que o esquema não é novo. Ele funcionava há quatro Copas. O trabalho seria tão lucrativo que integrantes da quadrilha trabalhariam durante o torneio e depois descansariam por quatro anos até o próximo Mundial.
*Atualizada às 17h50
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