Felipão e jogadores não podem ser crucificados, diz ministro do Esporte

Da Reuters

  • EFE/SEBASTIÃO MOREIRA

    05.jun.2014 - O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e Joseph Blatter falam em coletiva de imprensa em São Paulo

    05.jun.2014 - O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e Joseph Blatter falam em coletiva de imprensa em São Paulo

O técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari, e seus jogadores não podem ser crucificados como os únicos responsáveis pelo vexame do Brasil na Copa do Mundo, disse o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, que defende um choque de gestão no futebol brasileiro para que o país possa dar a volta por cima nos próximos Mundiais.

Segundo o ministro, o problema do futebol brasileiro é mais profundo que as goleadas da Alemanha e Holanda na reta final da Copa do Mundo, por 7 x 1 e 3 x 0, respectivamente. O Brasil fez uma campanha decepcionante e amargou um quarto lugar na Copa disputada em casa.

"O Felipão é um profissional vitorioso e o que aconteceu com Alemanha e Holanda não apaga a história dele de campeão por clubes e seleção", disse o ministro em entrevista à Reuters, após evento no Maracanã.

"Acho que atribuir a uma pessoa, a um grupo de jogadores, ao Felipão ou ao Parreira a responsabilidade pelo que passamos não é correto nem justo", acrescentou.

A saída da comissão técnica do Brasil que trabalhou no Mundial de 2014 pode ser oficializada a qualquer momento pela CBF. O ministro evitou especular sobre o futuro substituto de Felipão, mas entende que o mercado brasileiro tem excelentes técnicos para dirigir a seleção.

"Nós temos grandes treinadores e podemos escolher um entre tantos existentes", ressaltou ao destacar que o "problema do Brasil" é mais estrutural do que técnico.

Gestão profissional

Para Aldo Rebelo, o futebol brasileiro precisa melhorar a sua governança e ter uma gestão mais profissional. Por outro lado, o futebol brasileiro tem de ser também menos paternalista e menos protecionista com os clubes.

"O futebol brasileiro precisar encontrar um caminho de profissionalismo e da gestão organizada", disse o ministro.

Aldo destacou que o futuro sucesso da seleção brasileira passa obrigatoriamente por uma melhor gestão administrativa dos clubes que, em sua maioria, estão endividados e têm passivos bilionários inclusive com o governo federal.

"Não temos causas definitivas e derradeiras para um acidente como esse da seleção brasileira, problemas existem, devem ser examinados e as soluções têm que ser buscadas", disse.

Outro problema mapeado por Aldo é o êxodo precoce de jogadores para o futebol do exterior. Clubes europeus, que historicamente contratam jogadores brasileiros e que são "financiadores" dos clubes nacionais, estão buscando nas categorias de base valores promissores e mais baratos que jogadores profissionais de grandes agremiações.

"Quanto a isso não sei o que podemos fazer. Os clubes de fora estão contratando os pais dos jogadores e a família deles com excelentes ofertas e contratos", disse.

Segundo Aldo Rebelo, as derrotas para Alemanha e Holanda devem servir de lição e paradigma para o futebol brasileiro e não transformar em "terra arrasada".

"Temos condições para nos prepararmos melhor para a Copa do Mundo da Rússia, ainda somos uma potência mundial e temos possibilidades de recuperar prestígio e chegar lá em 2018 como uma das favoritas", disse.

Título em boas mãos

O ministro afirmou que o título conquistado pela Alemanha, tetracampeã, está em boas mãos uma vez que os alemães tiveram uma atuação destacada durante todo o Mundial.

Aldo Rebelo destacou ainda a participação da terceira colocada Holanda, que na sua avaliação, apresentou junto com os alemães o melhor futebol da Copa de 2014.

Embora o título de 2014 tenha ficado com a melhor seleção da Copa, Aldo Rebelo lembrou que o futebol não é o "reino da Justiça".

"O futebol é o reino da emoção e não da justiça. A Holanda teve uma seleção muito boa e o melhor da Copa, (Arjen) Robben, mas o futebol não é assim."

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