O Brasil passou por momentos difíceis e poderia ter evitado parte da tensão se tivesse concluído os estádios dentro do prazo, mas conseguiu vencer o pessimismo que rondava a Copa do Mundo, afirmou o diretor-executivo do Comitê Organizador Local (COL), Ricardo Trade, nesta segunda-feira (14).

"Saímos muito satisfeitos. Foi duro, difícil, e talvez a gente pudesse fazer melhor, e não podemos achar que estamos 100%", disse Trade à Reuters no Maracanã, um dia após a vitória da Alemanha por 1 x 0 sobre a Argentina na final do Mundial.

"Conseguimos vencer o negativismo que existia. Isso foi um ponto positivo", acrescentou.

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, deu nota 9,25 para a Copa do Mundo do Brasil, ligeiramente acima da avaliação sobre a Copa de 2010 na África do Sul, que ganhou nota 9.

Segundo Trade, o Brasil poderia ter ido melhor se não tivesse atrasado as obras no estádios.

As arenas de São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, por exemplo, ficaram prontas em cima da hora, e os eventos-teste programados pela Fifa ou não aconteceram ou foram realizados parcialmente.

Esse atraso criou, de acordo com Trade, uma tensão desnecessária em torno do Mundial no Brasil.

"A entrega antecipada dos estádios era algo que poderia ser melhorado", disse. "A entrega em cima da hora criou uma tensão no ar, mas no final não atrapalhou porque deu tudo certo. Não atrapalhou, mas o atrasou tensionou o processo", acrescentou o diretor-executivo.

O diretor-executivo destacou os serviços de alimentação dentro dos estádios como outro ponto que poderia ter funcionado melhor durante o Mundial. Durante alguns jogos da Copa do Mundo, inclusive na final, longas filas se formaram nos bares dos estádios, especialmente no intervalo.

"Talvez esse seja o grande desafio daqui para frente nos serviços do futebol, porque você só tem 15 minutos para ir lá e as pessoas não querem perder nenhum momento do espetáculo", afirmou. "Houve aglomerações, mas no final o resultado foi bom".

O ponto alto do Mundial do Brasil foi a festa e a receptividade dos brasileiros, na avaliação de Trade.

"Acho que o brasileiro deu um show de receptividade, e o caos que se previa em aeroportos, segurança, mobilidade urbana e telecomunicações não se concretizou", finalizou.