'Trintões' e base que só perde desde 2008 são desafios da Argentina de 2018
Danilo Valentini
Do UOL, em São Paulo
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Xinhua/Liu Dawei
Jogadores argentinos e o técnico Alejandro Sabella assistem à festa da Alemanha campeã
A equipe argentina que conquistou o bicampeonato olímpico em 2008 viveu o auge de sua maturidade na tarde de 13 de julho de 2014, na final da Copa do Mundo contra a Alemanha. Quase seis anos completos depois da vitória por 1 a 0 contra a Nigéria, nove dos 14 jogadores que atuaram naquela partida em Pequim entraram no Maracanã com a chance de coroar uma geração que virou a base da seleção principal nos últimos anos. O sonho, porém, acabou frustrado, e o futuro da seleção da Argentina, uma incógnita.
Dos 23 jogadores trazidos ao Brasil por Alejandro Sabella, apenas dois deles não terão 30 anos na Copa do Mundo de 2018, na Rússia. É o zagueiro Federico Fernandez, que tem 25 anos e perdeu a posição para o veterano Demichelis (33 anos) ao longo da Copa, e o lateral-esquerdo Rojo, que tem 24 anos e defende o Sporting-POR. Messi, eleito o melhor da competição pela Fifa, terá 31 anos. Aguero, Di María e Higuain chegarão a Rússia com 30.
O envelhecimento, entretanto, é apenas um dos fatores que podem dificultar a montagem da seleção argentina para a 21ª edição da Copa do Mundo. Porque o desempenho e os resultados das equipes de base da Argentina desde a conquista em Pequim-2008 deixam dúvida do poder de renovação que acontecerá nos próximos anos.
Desde o bi olímpico, a Argentina só colecionou fracassos em suas seleções de base. Em 2009, ainda sob o comando de Sergio Batista (ex-jogador e campeão mundial em 1986), que havia dirigido a equipe em Pequim, a seleção ficou na sexta colocação do Sul-Americano sub-20 (conquistado pelo Brasil) e não conseguiu a vaga no Mundial da categoria, disputado no Egito e vencido por Gana.
Dois anos depois, o Brasil vencia o Sul-Americano com Neymar e Lucas e ia ao Mundial da Colômbia, onde também conquistou o título. Já a Argentina, dirigida por Olarticochea (também campeão em 1986), foi à competição, mas caiu nas quartas de final em disputa de pênaltis contra Portugal. Acabou sem a classificação para os Jogos Olímpicos do ano seguinte, em Londres.
Para fechar, o fiasco da Argentina nas competições de base foi completado no ano passado, quando a equipe dirigida por Marcelo Trobbiani fez feio: no torneio disputado em casa, a seleção sub-20 argentina caiu logo na primeira fase - assim como o Brasil. As duas seleções não foram ao Mundial da Turquia por causa do mau resultado no torneio continental.
A sequência consistente de maus resultados é só um lado da problemática renovação que a Argentina vem desenvolvendo desde 2008. Porque mesmo procurando é difícil encontrar jovens jogadores argentinos que realmente vêm fazendo a diferença por seus clubes. Mesmo quem tenha importante papel no mercado europeu atualmente não vem mostrando uma trajetória consistente, seja por seu clube ou em sua participação pelas seleções de base da Argentina.
O melhor exemplo é o atacante Iturbe, que atualmente é disputado, segundo rumores, por Atlético de Madri e Juventus. Apesar de ser cobiçado por valores que podem ultrapassar os 25 milhões de euros (R$ 75 milhões), o jogador que esteve no Sul-Americano sub-20 de 2009 e despontou para o futebol internacional pelo Cerro Porteño-PAR na Libertadores de 2011 teve momentos de altos e baixos depois de ser contratado pelo Porto.
O jogador decepcionou no clube português, foi rebaixado para a equipe B e acabou emprestado ao River Plate-ARG. Fez apenas um gol, mas foi vendido ao Hellas Verona. E, na Itália, resgatou sua carreira ao marcar oito gols e dar quatro assistências. Atraiu grandes clubes, mas ainda sem mostrar que pode ser uma figura regular para fazer parte dos planos da Argentina para 2018.