Argentina chega à final misturando os estilos de jogo de Messi e de Sabella
Luis Augusto Símon
Do UOL, em São Paulo
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Xinhua/Liu Dawei
Técnico Alejandro Sabella e Lionel Messi participam do treinamento da equipe durante a Copa do Mundo
Desde o início da Copa, a Argentina vivia uma dúvida: jogaria o time de Sabella ou jogaria o time de Messi?
O time de Sabella pressupunha uma equipe muito segura atrás e muito equilibrada – como tantas outras – e que teria como plus a genialidade de Messi.
O time de Messi pressupunha companheiros de alto nível. O capitão queria os "quatro fantásticos" em campo: ele mesmo, Agüero, Di María e Higuaín.
Esse 4-2-1-3 de Messi soava como heresia para Sabella, treinador oriundo da escola de Salvador Billardo, campeão de 86, pouco avesso a riscos.
Como Higuaín não estava muito bem fisicamente, Sabella teve a chance de jogar com o "seu" time. E estreou, contra a Bósnia, com um 5-1-2-2, do tipo que Luis Van Gaal cansou de usar no Mundial. Começou com Romero, Zabaleta, Fernandez, Garay, Campangnaro e Rojo; Mascherano, Maxi Rodriguez e Messi, Di María e Agüero.
A Argentina saiu na frente, com um gol contra logo a dois minutos, mas jogou mal. Messi não apareceu. No intervalo, Sabella tirou Campagnaro e colocou o volante Gago. E tirou Maxi Rodriguez para a entrada de Higuaín.
Trocou o 5-1-2-2 por um 4-2-1-3. Como Messi queria. E ele apareceu no jogo, com um belo gol. No final, quando a Bósnia diminuiu, Sabella tirou Agüero e colocou o volante Biglia.
Messi declarou que aquele era o time que rendia mais. E Sabella se viu obrigado a escalar a equipe que o gênio queria. Mas aproveitou as brechas que surgiriam para dar ao time a segurança de que ele não abre mão.
O segundo jogo, contra o Irã, seria ataque contra defesa. E o time de Messi entrou em campo.
Como o gol não saía, Sabella foi mundando. Tirou Agüero e colocou Lavezzi. Não é a troca de um atacante por outro, pois Lavezzi volta bastante para ajudar o meio campo, faz um incansável trabalho de vaivém. Palacio, bem mais habilidoso que Higuaín, o substitituiu para dar mais toque de bola ao time. E Biglia entrou em lugar de Di María, para dar mais força ao meio-campo. Messi decidiu no final, com um belo gol.
Contra a Nigéria, novamente o time de Messi entrou em campo: Romero, Zabaleta, Fernandez, Garay e Rojo, Mascherano, Gago e Messi, Di Maria, Higuain e Aguero. A Argentina saiu na frente, a Nigéria empatou, a Argentina fez o segundo e a Nigéria empatou. Quando fez o terceiro, Sabella tirou Messi para poupá-lo. E fez as substituições de sempre: Lavezzi no lugar de Agüero e Biglia no lugar de Higuaín. O time de Messi mais uma vez terminava com três volantes em campo.
A Argentina chegou ao mata-mata, contra a Suíça, sem Agüero, que havia se contundido. E foi a deixa para Sabella começar a o jogo com "seu time", com Lavezzi dando sua contribuição enorme na marcação, ao contrário de Agüero. Era um 4-2-2-2 com Romero, Zabaleta, Garay, Fernandez e Rojo, Mascherano, Gago, Lavezzi e Messi, Di María e Higuaín. Sabella, durante o jogo, colocou Palacio em lugar de Higuaín para ter mais mobilidade, trocou Biglia por Gago para ter mais saída de jogo e Basanta por Rojo, que se contundiu. Messi deu o passe para Di María definir o jogo no final da prorrogação.
Contra a Bélgica, Di María se contundiu no começo e Sabella colocou Enzo Pérez, um jogador ao estilo de Lavezzi, com muito aporte ao meio campo, embora seja menos ofensivo. Trocou também Fernández por Demichellis e Gago por Biglia. Agora, ao contrário do time de Messi, seus conceitos estavam em campo. Segurança atrás e equilíbrio em um 4-2-3-1. Com a saída de Higuain no final, o time terminou sem atacantes. A escalação foi: Romero; Zabaleta, Demichelis, Garay e Basanta; Mascherano, Biglia e Di María (Pérez); Messi, Lavezzi (Palacio) e Higuaín (Gago).
Foi assim, com a "ajuda" de contusões, que Sabella deu fim ao time de Messi e chegou à final com o seu estilo de poucos riscos corridos. A semi, contra a Holanda, foi muito fechada, com poucas chances de lado a lado. Romero pegou dois pênaltis e a Argentina se classificou. Jogou com Romero; Zabaleta, Garay, Demichelis e Rojo; Mascherano, Biglia, e Enzo Perez (Palacio, aos 35 min. do 2° tempo); Messi, Lavezzi (Maxi Rodriguez, aos 9 min. do 1°tempo da prorrogação)e Higuaín (Agüero, aos 36 min. do 2° tempo da prorrogação).
O time de Sabella disputa o título. Mas, é bom lembrar que Messi brilhou muito mais quando "seu" time estava em campo.