Em clima de festa, holandeses "tomam" reduto de bagunça dos argentinos
Luis Augusto Simon
Do UOL, em São Paulo
A Estação da Luz, sempre o ponto inicial da bagunça argentina, estava tomada pelos holandeses na manhã da última semifinal. Dois ou três vestidos com camisa azul e branca da seleção tentavam se enturmar com uma onda laranja, mais de cem que cantavam, dançavam e bebiam, é logico.
A festa foi organizada por Fred Hoff, engenheiro que veio acompanhar a Copa. Ele aponta para um ônibus e depois para o trio elétrico – laranjas é claro – e conta sua aventura, capaz de fazer inveja a qualquer apaixonado argentino. "Somos 24 amigos de Amsterdã. Viemos de avião, mas o ônibus veio de navio. E é com ele que a gente se desloca pelo Brasil para ver a Holanda. Vamos para o Rio com ele, pode ter certeza".
Na verdade é um trailer, com mesas para alimentação e alguns lugares para descanso. Hoff posou para fotos, mas do lado de fora. Dentro, não.
Eles alugaram também um trio elétrico – laranja sim, por que não? – que tocava música muito alta. Era um som de festa, de cerveja e também havia o indefectível Michel Teló. "Ele é muito popular na Holanda", disse Beatrice Kuyt, igual o jogador, mas sem nenhum parentesco. "Se fosse parente, talvez tivesse conseguido ingressos com mais facilidade", comenta, rindo.
As fantasias formavam um mosaico interessante e alegre. Mas monocromático, sempre laranja. Havia reis, rainhas, gente vestida de monstro e brasileiras dançando com holandeses. Uma festa multirracial.
Dentre tanta gente, Bernardo OudeKamphuir se destacava. Muito alto, com cartola e barba ruiva, parecia um clone de Alexis Lalas, o zagueiro dos Estados Unidos de 1994. Ele é holandês, mas vive em São Francisco, na Califórnia. Tem 53 anos. "Eu vim de carro para o Brasil. Viajei 25 mil quilômetros por seis meses. Trabalho com recreação terapêutica para crianças com deficiência e tirei um tempo para descansar aqui no Brasil."
O carro, todo laranja, ele deixou no hotel em Moema. "Olha, eu acho que a gente não deve dirigir depois de beber e eu estou bebendo muito", explicou. Se dependesse da quantidade de álcool ingerida, os holandeses inundariam o metrô e o trem com a onda laranja. Haja cerveja.