Brasil já disputou 3º lugar três vezes na Copa. E nem sempre saiu frustrado

Do UOL, em São Paulo

  • Arquivo/EFE

    Luís Pereira é expulso por falta em Neeskens; Holanda bateu o Brasil, que acabou eliminado da Copa de 74

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O Brasil perdeu de forma acachapante para a Alemanha. Na última terça-feira, no Mineirão, os germânicos fizeram 7 a 1 em duelo válido pelas semifinais da Copa de 2014 e impuseram ao time canarinho a maior derrota de sua história. No sábado, em Brasília, o clima de melancolia vai continuar: às 17h, o time comandado por Luiz Felipe Scolari disputará o terceiro lugar do Mundial contra a seleção que for derrotada no duelo entre Argentina e Holanda. Mas esse tipo de jogo nem sempre é sinônimo de frustração.

Na história da Copa, o Brasil já esteve envolvido em três disputas de terceiro lugar da Copa. Venceu em 1938 e 1978, mas perdeu em 1974.

Todos esses jogos têm histórias ricas e não se encerraram nos 90 minutos. O Brasil já perdeu semifinal poupando seu melhor jogador (em 1938) e acabou invicto uma participação em Copa (em 1978).

Em 1978, aliás, os jogadores da seleção brasileira foram até recebidos com festa quando voltaram ao país depois do terceiro lugar na Copa. Por tudo isso, talvez o melhor paralelo com o atual momento tenha sido o Mundial de 1974. E o time canarinho não reagiu bem naquela época.

A disputa de uma vaga na decisão envolveu um jogo contra a Holanda. O Brasil perdeu por 2 a 0, mas foi amplamente dominado. E depois a seleção não conseguiu reagir a isso: na disputa do terceiro lugar, acumulou mais um revés e teve um conflito entre atletas em campo.

Brasil jogou semifinal sem o craque do time em 1938. E não deu certo

Luiz Felipe Scolari podia ter recolhido nos registros históricos um indício do quanto Neymar faria falta contra a Alemanha. O Brasil já havia disputado uma semifinal de Copa sem usar seu principal jogador – e o resultado não foi nada animador.

Em 1938, o emparelhamento das semifinais da Copa foi definido por sorteio. O rival do Brasil era a Itália, então detentora do título, mas a seleção sul-americana decidiu poupar o atacante Leônidas da Silva. O Diamante Negro não foi usado no duelo que valia vaga na decisão porque ainda sentia os efeitos das quartas de final – nove brasileiros foram ao departamento médico depois do confronto com a Tchecoslováquia, que também acabou o duelo com oito lesionados.

Sem Leônidas, o Brasil tomou 1 a 0 aos 10min do segundo tempo. A desvantagem fez a equipe sul-americana partir ao ataque, mas Domingos da Guia não suportou provocações de Piola e derrubou o italiano dentro da área. Pênalti que Giuseppe Meazza cobrou e converteu segurando o calção – o cadarço que segurava a peça arrebentou quando ele correu para a bola. O lance do defensor brasileiro ficou conhecido no país como "domingada".

O Brasil ainda diminuiu a desvantagem, mas perdeu para a Itália por 2 a 1. Muitos foram responsabilizados por isso, como Domingos da Guia e o técnico Pimenta, que decidiu poupar Leônidas.

Por tudo isso, o clima do Brasil na disputa de terceiro lugar era de cobrança. E aí a seleção de 1938 teve uma arma que Scolari não poderá usar em 2014: a volta do craque. Leônidas participou do último jogo da Copa daquele ano, marcou duas vezes em vitória por 4 a 2 sobre a Suécia e chegou a oito, ratificando a condição de artilheiro do torneio.

Brasil já foi atropelado em jogo que valia vaga na decisão. E não reagiu bem

Em 1974, na primeira Copa pós-Pelé, o Brasil ainda era dirigido por Mario Jorge Lobo Zagallo, técnico que havia conquistado o tricampeonato mundial no México. No entanto, o time estava em transição de nomes e de estilo. Isso ficou evidente no Mundial.

A campanha do Brasil começou claudicante, com empates com Iugoslávia e Escócia na primeira fase. Ainda assim, o time de Zagallo chegou à segunda fase e foi até a última rodada com chance de disputar o título. E aí, no jogo que valia vaga na decisão, o time sul-americano foi atropelado pela Holanda.

A Holanda de 1974 era liderada por Johan Cruyff e ficou conhecida como Laranja Mecânica. Era um time que marcou época pelo estilo de jogo baseado em movimentações constantes e trocas de passes. O Brasil até começou bem, mas foi dominado no restante da partida e perdeu por 2 a 0, resultado que não foi condizente com a superioridade dos europeus.

E aí o Brasil não conseguiu reagir. Na disputa do terceiro lugar, o time de Zagallo perdeu para a Polônia por 1 a 0. O gol dos europeus foi marcado por Lato, que chegou a sete e ficou com a artilharia da Copa. Depois do lance, o goleiro Emerson Leão e o lateral Marinho Chagas discutiram acintosamente e mostraram o quanto o revés para a Holanda havia abalado o grupo.

Brasil reclama até hoje da última vez em que teve de disputar um terceiro lugar

A seleção brasileira não participa de uma disputa de terceiro lugar desde 1978, na Argentina. E aquela edição da Copa é assunto para polêmica até hoje.

Após um segundo lugar no grupo da primeira fase, o Brasil ficou no grupo da Argentina na etapa seguinte. As duas seleções chegaram à última rodada com chance de disputar a decisão, e os donos da casa entraram em campo depois.

O Brasil venceu a Polônia por 3 a 1 em Mendonza, com dois gols de Roberto Dinamite. Terminou a fase com cinco pontos e saldo positivo de cinco gols. A Argentina, que tinha saldo gols, encarou o Peru na última rodada. Só uma vitória com pelo menos quatro gols de diferença colocaria os anfitriões na decisão. Eles triunfaram por 6 a 0.

O resultado suscitou uma série de teorias sobre a Copa ter sido comprada. O principal alvo de denúncias foi o goleiro peruano Ramón Quiroga, nascido na Argentina.

Na disputa do terceiro lugar, os resultados da fase anterior ainda eram assunto recorrente no dia a dia da seleção brasileira. Talvez por isso Brasil e Itália tenham feito confronto tão pouco emocionante nos primeiros minutos.

Causio abriu o placar para os italianos aos 38min, e o Brasil só melhorou no segundo tempo, quando Rivellino entrou em campo. Com gols de Nelinho e Dirceu, a seleção canarinho virou o placar.

O Brasil terminou sem perder a participação no Mundial de 1978. Isso motivou célebre frase do técnico Claudio Coutinho: "Somos os campeões morais da Copa". Apesar da terceira posição, os jogadores foram recebidos com festa quando voltaram ao país.

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