A torcida não aguentou ver a seleção brasileira ser humilhada. Irritada com o desempenho do time de Luiz Felipe Scolari, torcedores deixaram o Mineirão antes do fim do primeiro tempo, quando a Alemanha já fazia 5 a 0 de forma surpreendente e arrebatadora.

A cena começou no terceiro gol germânico. Quando Kroos acertou um belo chute de esquerda de fora da área, a paciência dos torcedores que pagaram caro pelos ingressos chegou no limite. Um bom número de pessoas deixou as arquibancadas.

"Saio do Rio para ver essa vergonha. Não tenho condições de ficar. Não vou bater palma para seleção dos outros. Vou embora mesmo, esperar meu voo no aeroporto", disse Marcelo Guimarães, estudante de 24 anos que mora no Rio de Janeiro. 

"Vergonhoso, vexame", definiu Fabio Paes Leme, advogado que pagou mil reais por um ingresso de cambista, ficou 25 minutos no estádio e saiu. 

A sensação de humilhação foi comum a todos. Quem não desistiu de ver o jogo não teve uma convivência fácil nas arquibancadas. Em vários pontos do Mineirão os focos de briga assustaram os torcedores. Policiais a todo momento foram chamados para separar confusões que não viam nacionalidades, ora com estrangeiros, ora entre brasileiros. 

Nas arquibancadas, o apoio de antes do jogo foi rapidamente trocado por silêncio e protestos. "Raça", "Vergonha" e "Felipão burro" foram ouvidos em diferentes momentos. Até Dilma Rousseff, que sequer estava no estádio, foi lembrada, mandada para aquele lugar. 

Curiosamente, a torcida poupou a garganta para as vaias, que só foram ouvidas com força no intervalo. Quem mais fez barulho foi a torcida alemã, que ocupou pequenas partes da arquibancada superior do Mineirão. "Deutschland" e "Rio de Janeiro" foram algumas das musiquinhas dos europeus, que foram respeitados e até aplaudidos, como quando Klose deixou o gramado.