"Quem entrava aumentava um gol. Achei que era brincadeira", diz faxineiro
Fernando Duarte
Do UOL, em Belo Horizonte
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Fernando Duarte/UOL
Adolfo Bento Gonçalves diz ser privilegiado por não ver a goleada da Alemanha sobre o Brasil
Adolfo Bento Gonçalves tentou julgar pelos barulhos o que acontecia do lado de fora do que no último mês foi seu escritórios: um dos banheiros do anel superior do Mineirão. Sem poder sair para sequer checar alguns lances das partidas da Copa do Mundo em Belo Horizonte, ele se informava com o comportamento da multidão ou dicas passadas pela turma que se aliviava. Nesta terça-feira, porém, Gonçalves, de 68 anos, esqueceu o salário mínimo e meio que receberá por enxugar o chão e esvaziar cestas.
"Acho que hoje sou um brasileiro privilegiado porque não estou vendo o que está acontecendo lá fora. Cada um que entrava aqui aumentava mais um gol eu eu cheguei até a achar que estavam tirando sarro comigo", explicou o faxineiro.
Depois de, na partida contra o Chile, ter sofrido quando possíveis informantes desapareceram durante a prorrogação (seu banheiro está próximo à área de imprensa), seu Adolfo na terça-feira sequer teve vontade de sair do "escritório" assim que ouviu as notícias do segundo gol alemão."Fiquei com o sentimento de que vinha coisa pior por aí. De repente, os meninos melhoram um pouco no segundo tempo".
Quando o UOL Esporte encontrou seu Adolfo de novo foi para informá-lo de que, não, não tinha melhorado. Tinha ficado ainda pior.