Fifa faz projeto social com área Vip para receber Blatter e Ronaldo
Rodrigo Mattos
Do UOL, no Rio de Janeiro
No dia em que operação policial por ingressos chegou perto do coração da Fifa, o presidente da entidade, Joseph Blatter, pedia que jornalistas tivessem atenção com o projeto social dela: o "Football For Hope". Ele esteve, na manhã de segunda-feira, no Caju, onde é executado o programa brasileiro da entidade. Foi construída uma área Vip no local para receber o dirigente, entre outros poderosos como o ex-atacante Ronaldo.
A Fifa investirá US$ 5 milhões (R$ 10 milhões) no projeto da Vila Olímpica Mané Garrincha, no Caju, cerca de 10% do total já gasto com o Football For Hope. O dinheiro será usado no festival de futebol que reúne várias equipes com adolescentes, de diversos países, todos com despesas de viagem e hospedagem pela federação internacional. As partidas começaram a ser disputadas nesta segunda-feira.
Também foi e serão gastos recursos com legado, como campos de futebol na vila e até computadores para a comunidade do Caju. O local foi escolhido após visitas de dirigentes da Fifa com a Prefeitura do Rio de Janeiro.
Se há benefícios para a população local, a cara do projeto é, no mínimo, estranha para seu objetivo social. Há marcas de patrocinadores por todos os lados, com tendas das parceiras da Fifa, e venda de produtos só dessas empresas. Uma água a R$ 3,00, por exemplo, em uma comunidade carente. Acessos com credenciamento para todos os lugares também estão presentes.
Mais curiosa foi a construção de área Vip por cima do campo. Havia duas salas com bebidas e comidas onde ficou Blatter pela maior parte do tempo, inclusive com uma arquibancada separada. Até pulseiras Vip marcavam quem podia acessar o setor onde estava o presidente da Fifa. Seguranças da federação com as mesmas vestimentas dos estádios, tratavam de manter o público e jornalistas longe das áreas onde estava o dirigente.
Blatter foi para o meio de campo para fazer um discurso, meio em português, meio em inglês, em que disse que o Caju é o 13º estádio da Copa. Foi aplaudido. Tinha razão. De fato, foram adotadas várias práticas similares às arenas, inclusive as áreas Vips que mantém os poderosos longe do povo até em um projeto social.