Criador do spray dos árbitros quer 'vender' empresa para Fifa após a Copa
Jeremias Wernek
Do UOL, em Belo Horizonte
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Jeremias Wernek/UOL
Mineiro Heine Allemagne admite negociar empresa que fabrica spray dos árbitros após a Copa
O spray utilizado pelos árbitros brasileiros há mais de 10 anos, e empregado pela primeira vez na Copa do Mundo aqui no Brasil, poderá ser um produto da Fifa em breve. Heine Allemagne, criador do equipamento, admite que deseja ver a empresa sendo administrada pela entidade máxima do futebol depois do Mundial. Para ele, com isto a ferramenta que ajuda na formação das barreiras terá como ser comercializada em todo o mundo.
Atualmente, a 915 Fair Play – empresa que une Allemagne e um empresário argentino, não recebe nada da Fifa pelo uso do spray na Copa do Mundo, de acordo com o próprio. Os 320 tubos do produto foram produzidos em fábricas no interior do Paraná e da Argentina, com recursos próprios, e colocados à disposição para os 64 jogos.
"É gratuito, nós produzimos em uma iniciativa privada e repassamos. Não existe um contrato para uso do produto. As pessoas até acham que isto me deixou rico, mas o projeto não foi conduzido como plano comercial. Eu realmente quis ajudar o esporte e o retorno financeiro é uma consequência", disse Heine Allemagne, mineiro e com 43 anos.
O período de 'degustação' – com uso sem custos, poderá facilitar a negociação para o repasse da empresa. A previsão é de que em setembro a Fifa se reúna com a International Board e avalie se o equipamento realmente faz a diferença. E se terá de se tornar obrigatório. A partir desta decisão é que o empresário brasileiro espera obter receita.
"Neste momento somos dois sócios na empresa, abrimos cotas para produzir a remessa usada na Copa. Mas a minha ideia é que a Fifa assuma. Ela tem que levar isto adiante, o spray vai se transformar em algo vital para o árbitro e o jogo", afirmou Allemagne.
Na Copa do Mundo, o árbitro de cada partida recebe um estoque de cinco tubos de spray para utilizar nos 90 minutos e eventual prorrogação. A 915 Fair Play garante que o custo de produção de cada tubo gira em torno de cinco dólares, algo como R$ 11,15. Mais R$ 5 da presilha que sustenta o item ao calção do árbitro. Desta forma, a empresa gastou pouco mais de R$ 5.100 para disponibilizar a carga usada no Mundial.
"Conversei certa feita com o então presidente da comissão de arbitragem da Fifa, Ángel Villar, e disse a ele que o spray deveria ter um custo especifico em cada região. Um valor na África, outro na Europa e assim vai. Mas isto quem vai definir é a Fifa. Ela que precisa tornar obrigatório e tomar as rédeas da distribuição para as federações", apontou.
O spray da arbitragem foi usado pela primeira fez na Taça Belo Horizonte, em 2000, e dois anos depois foi aceito pela CBF em competições oficiais. Em 2009 também entrou na disputa da Copa Libertadores e, no ano passado, passou a ser testado pela Fifa. No Mundial de Clubes, no Marrocos, e os mundiais sub-17 e sub-20.