Neymar não é só um parceiro comercial de Ronaldo. Pelas coincidências que marcam as carreiras dos dois, o atual camisa 10 da seleção brasileira é quase um "clone" do "Fenômeno". Desta vez, a semelhança é um mau agouro. Como seu antecessor, o atual craque da seleção vê sua primeira Copa do Mundo como protagonista parar em um problema médico.

Neymar está fora da Copa do Mundo por causa de uma lesão em uma vértebra lombar, causada pela falta que sofreu do colombiano Ivan Zuñiga no fim do jogo da última sexta. A uma semana do sonho da final, o camisa 10 do Brasil terá de ver o fim do torneio com uma cinta, cheio de dores e frustrações.

Ronaldo, na sua vez, não ficou fora, mas quase isso. Em 1998, o Fenômeno era o principal jogador do Brasil que foi à final contra a anfitriã França. No dia da decisão, sofreu uma convulsão que abalou o grupo e quase o tirou do jogo. O camisa 9 entrou, mas fez pouco e foi um telespectador privilegiado do 3 a 0 aplicado por Zidane e companhia.

Com o Brasil vivo em uma semifinal em casa, o craque de hoje pode, é verdade, ver a história ser reescrita de forma mais positiva. Só que não dá para ignorar a trajetória de coincidências, a começar pela relação com a Copa do Mundo.

Ronaldo foi um craque precoce. Teve sua primeira chance em 1994, antes mesmo de completar 18 anos, quando viu o tetra do banco. Quatro anos depois, aos 22, era o melhor do mundo por dois anos seguidos, o menino que podia alcançar Pelé, sob os ombros de quem estavam todas as esperanças da seleção campeã da Copa anterior.

Neymar tem a mesma idade, e não seria nenhum absurdo pensar que seu primeiro Mundial poderia ter sido na África do Sul, quatro anos atrás, quando havia um clamor pela sua convocação pelo técnico Dunga. Em 2014, é dele que se espera tudo na Copa que o Brasil joga em casa.

Como Ronaldo, Neymar aprendeu desde cedo que é mais que um jogador de futebol. Ciente de seu potencial marqueteiro, o jovem atacante muda o estilo, faz propaganda em campo e arrasta multidões de fãs. Entre os dois não há espaços para discrições. Não por acaso, fazem tabelinha fora dos gramados.

Ronaldo é sócio da 9ine, a agência de marketing esportivo que ajuda a cuidar da imagem de Neymar. Além de conseguir contratos para o atacante por meio da sua empresa, o "Fenômeno" também divide a cena com o parceiro, como em uma campanha da Claro em que passam trote um para o outro.

Tanta publicidade e exposição levam para fora do meio esportivo. Ronaldo foi se aventurar no mundo artístico e engatou romances com diversas beldades. Em sua época, a seleção sempre teve uma "primeira-dama", a começar por Susana Werner e a terminar por Raica Oliveira, terminando com Daniela Cicarelli.

Depois dele, o time viveu um hiato de beldades. Não que faltasse beleza às senhoras dos convocados que passaram a seguir, pelo contrário. Só que nenhuma esposa ou namorada tinha o potencial de atrair os olhares da imprensa como as moças que acompanhavam Ronaldo. Isso até que Neymar levasse Bruna Marquezine ao convívio da seleção.

Estrela de primeira linha da Globo, a jovem atriz acompanha o craque em jogos e até treinos. Quando surge, desperta cliques e atrai fãs. No jogo contra o Chile, por exemplo, uma provocação de um torcedor comum à moça, em pleno Mineirão, "bombou" na internet.

Bruna Marquezine nunca está sozinha. Quase sempre sua companhia é a família do própria Neymar, em especial a irmã do craque, Rafaella Silva. Não são raras as vezes que um senhor careca, ligeiramente parecido com o craque, aparece no fundo das fotos. Neymar, como Ronaldo, tem um pai famoso.

"Neymar pai", ou "Seu Neymar", é figura das mais presentes na vida do filho jogador. Nos últimos meses tem até ganhado vida própria, com o escândalo da negociação para o Barcelona e a aparição no caso da venda ilegal de ingressos para a Copa.

Seu Nélio era menos folclórico e menos decisivo na vida de Ronaldo, mas ainda assim era uma das sombras do jogador. Frasista e boleirão, virou o protótipo do pai de atleta, inspirando até a criação do personagem "Leleco", sucesso da novela Avenida Brasil na pele do ator Marcos Caruso.

A versão linha-dura de "Seu Neymar" cabia à dona Sônia, mãe de Ronaldo. Especialmente no início da carreira do atacante, ela cuidava da vida pessoal do rebento com mão de ferro, afastando namoradas indesejadas e escolhendo quem convivia com o garoto, papel que o pai de Neymar hoje cumpre à risca. 

A lista de coincidência entre Neymar e Ronaldo ainda pode ser estendida, se o cliente assim desejar. Barcelona, os gols pela seleção, os escudeiros… Para os brasileiros, basta que ele se recupere em Copas do Mundo como o Fenômeno. Melhor ainda se, ao contrário do antecessor, Neymar puder ver de longe a Copa que perdeu ser ganha pelos companheiros.