Bandeirão dos sem ingresso da Copa tem 5 mil autógrafos e 12 mil km rodados
Luiza Oliveira e Pedro Ivo Almeida
Do UOL, em Fortaleza (CE)
A Copa do Mundo é para poucos. A principal competição de futebol do mundo está sendo realizada no Brasil, mas só um grupo restrito de felizardos tem condições de comprar um ingresso e assistir a um jogo in loco. Foi pensando na turma dos 'sem ingresso' que Sebastião de Oliveira decidiu fazer uma verdadeira saga para contemplar os excluídos da festa.
Tião da Bandeira leva seu lema até no nome que escolheu. Com um bandeirão de 8m x 11m que ele não deixa de lado nem para dormir, ele decidiu acompanhar a seleção brasileira durante o torneio colhendo 'autógrafos' pelo país. O inusitado é que as assinaturas não são dos maiores astros do futebol mundial, mas sim de anônimos, pessoas comuns que geralmente são esquecidas.
Há mais de 20 dias na estrada, ele já percorreu 12 mil km desde que a Copa começou. De São Paulo, na estreia, a Fortaleza, nas quartas de final, ele passou por todas a cidades onde o Brasil jogou, incluindo Brasília, Belo Horizonte e ainda uma primeira passagem na capital cearense onde o time de Felipão já havia jogado na primeira fase.
Já conseguiu nada menos que cinco mil assinaturas e ainda tem uma meta ousada. Alcançar dez mil autógrafos antes de o Brasil terminar a competição para entregar a bandeira para a CBF. Seu sonho é que os jogadores entrem com o aparato pelo menos em um treino para homenagear os excluídos.
"É a bandeira brasleira que o povo vai autografando. Eu falo que é o DNA do povo brasileiro na Copa. Já consegui mais de cinco mil assinaturas e acho que cabem uns dez mil. Quando chegar nesse número, vou entregar para a CBF. Quer conseguir fazer com que os jogadores entrem em um treino para cada brasileiro se sentir presente".
De fato, a bandeira desperta curiosidade por onde passa. Tião estendeu os vários metros de pano verde e amarelo na praça que fica em frente ao hotel onde a seleção brasileira está hospedada em Fortaleza. Foi só ela se esparramar pelo chão que os torcedores que debruçavam sobre árvores para ver a movimentação dentro do hotel mudaram o foco rapidamente.
Todos queriam ver a bandeira e se mostraram até perplexos por fazerem parte do ritual. "É só quem tem ingresso que pode assinar?", perguntou uma torcedora.
Diante da 'liberação', logo uma fila se formou e, para assinar, só precisa preencher um pré-requisito. "Não pode pisar a bandeira com sapatos. Tem que ficar descalço ou de meia. Por isso, é melhor não vir com meia furada porque vai aparecer", brincou Tião.
A paixão pelos bandeirões não veio apenas com a realização da Copa no Brasil e já e antiga. Ele tem um outro parecido com critérios ainda mais rígidos. Só campeões olímpicos e mundiais podem dar seus autógrafos. Um grupo seleto como Pelé, Ronaldo, Romário, Rafael Nadal, Ghiggia, Roger Federer, Maria Sharapova e Michael Scummacher já deixaram suas marcas. O 230 nomes estampados fizeram com que ele entrasse no livro dos recordes do Brasil.
E agora ele já tem uma nova meta. Fazer o bandeirão da Copa de 2018. "Quero juntar 2018 assinaturas e fazer um leilão para ajudar pessoas carentes. Esse é meu próximo objetivo. E nessa até o Neymar já assinou", disse ele.