Nigerianos apoiam jogadores em polêmica sobre premiação da Copa

Aiuri Rebello

Do UOL, em Brasília

Diversos torcedores da seleção nigeriana que chegavam ao estádio Mané Garrincha nesta segunda-feira (30) para ver seu time pegar a França por uma vaga nas quartas de final da Copa apoiam os atletas do time contra a confederação de futebol nigeriana na polêmica sobre o pagamento da premiação aos atletas pela participação na Copa. A exemplo  do que já havia acontecido com as seleções de Gana e de Camarões, os jogadores nigerianos ameaçaram não entrar em campo contra a França caso não recebessem o "bicho".

"O ideal é que isso não tivesse acontecido, mas temos que entender os atletas", diz o jornalista Victor Ene, de 37 anos. "Eles estão acostumados a tomar calote, a não serem pagos pelos cartolas, então tomaram essa atitude desesperada. São profissionais, quem não foi profissional foi a federação de futebol que não pagou eles antes, conforme o combinado", diz o jornalista.

"A culpa dessa situação é dos cartolas. Eles ficam brincando, jogando jogos com os atletas e fazendo eles implorarem por algo que tem direito, que é a premiação", acredita o vendedor Samuel Bonfami, de 42 anos. "Enquanto não tiver menos corrupção e falta de respeito entre nossos cartolas, o futebol da Nigéria está sujeito a este tipo de situação".

De acordo com a imprensa nigeriana, membros do governo da Nigéria assumiram a responsabilidade pelo pagamento, que já teria sido efetuado. Na quinta-feira (26), o time não treinou e ameaçou não viajar para Brasília para este confronto das oitavas. O técnico Stephen Keshi tentou amenizar a questão, disse que nunca houve ameaça de não entrar em campo, mas que os jogadores exigiam o pagamento sim e o governo resolveu o problema. O valor da premiação não foi divulgado.

"É complicado, atrapalhou a preparação para o jogo, passa até a impressão de que não ligam de estar jogando uma Copa do Mundo, mas estão certos também", diz o economista Niwa Ajawa, de 40 anos. "Nós apoiamos os atletas e temos que entender o lado deles, não é a primeira vez que não cumprem o que foi combinado com eles. O importante é que isso foi resolvido e estão todos preparados para fazer um jogo com muita concentração".

"Para nós, fica chato passar essa vergonha com essa história para o mundo todo, mas os jogadores amam o país, vestem a camisa e isso agora está superado, não pode acontecer novamente", afirma o empresário Michael Ntuk, de 50 anos, que vive nos Estados Unidos.

Todas as seleções recebem da Fifa uma premiação pela participação na Copa, que varia de acordo com o avanço na competição. Este pagamento é feito depois mas, acostumados a calotes, atletas destas três seleções africanas fizeram acordos com suas confederações de futebol para receber o dinheiro antes da competição. Como não haviam sido pagos até quase o final da primeira fase, ameaçaram entrar em greve e não entrar em campo.

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