Ahmed Musa e Ogenyi Onazi têm 21 anos. Os dois são titulares da seleção da Nigéria que disputa a Copa do Mundo. E as comparações param por aí. Musa, um atacante, fez, contra a Argentina, dois gols, feito inédito para um atleta de seu país em uma Copa do Mundo. Onazi, por sua vez, é volante de marcação. Entra em campo para evitar os gols. Não para marcá-los.

O início da carreira de cada um reflete essa diferença de estilo. Musa sempre foi uma aposta certeira para a seleção. Chegou a ela em 2009 e só não participou da Copa da África do Sul por uma contusão no joelho. Com 17 anos, bateu o recorde de artilharia da liga nigeriana, com 18 gols em 25 partidas. Em seguida, foi contratado pelos holandeses do VVV-Venlo, que esperou um ano por sua maioridade.

Em 2011, fez três gols em cinco jogos no Mundial sub-20 da Colômbia. No mesmo saiu, também, seu primeiro gol pela seleção principal. Em 2012, foi para o CSKA da Rússia, que já rejeitou uma oferta de oito milhões de euros do futebol alemão.

Enquanto Musa ia para o futebol holandês, Onazi era apenas um jovem desconhecido que atuava no Meu Povo, um time da igreja comandada pelo pastor Josuah. Ninguém dava nada por ele. Até que o destino interveio.

A Nigéria, em 2009, se preparava para sediar o Mundial sub-17. O time já estava treinando quando não menos que 17 jogadores não passaram no teste de imagem de ressonância magnética, feito no pulso, que determina, com 99% de acerto, a idade real da pessoa. Todos eram "gatos", alcunha dada para atletas com idade adulterada.

O treinador John Obu teve de montar um novo time. Foi a chance de Onazi. O garoto desconhecido disputou o mesmo torneio que Neymar e Gotze. Foi junto com o amigo Sami Emanuel, que fez cinco gols na competição. O volante também se destacou e a Lazio, da Itália, contratou os dois amigos.

Emanuel nunca se firmou. Mas Onazi foi muito bem. Com 19 anos, ganhou uma posição no time titular. E, no ano passado, foi chamado pela primeira vez para a seleção principal, em um jogo crucial de eliminatórias, contra a Libéria.

Marcador duro, Onazi cobre os avanços de John Obi Mikel. Muitos nigerianos dizem que sua seleção foi eliminada na Copa das Confederações do ano passado porque o volante, contundido, não pode participar da competição. A Nigéria perdeu por 2 a 1 para o Uruguai, por 3 a 0 para a Espanha e venceu Taiti por 6 a 1.

O prodígio e o operário enfrentam a Françanesta segunda-feira, às 13h (horário de Brasília). Com brilho e suor, chegaram ao mesmo ponto. E podem estar juntos no próximo ano. Há notícias de que o Tottenham gostaria de contratá-los. Se surpreenderem a França, pode apostar: os ingleses vão ganhar concorrência.