Fred driblou fase ruim no amor e risco de prisão. Vai virar o jogo de novo?
Luiza Oliveira e Pedro Ivo Almeida
Do UOL, em Belo Horizonte
Fred vive uma fase difícil na seleção brasileira. O camisa 9 vem sendo criticado e não faz o que mais se espera dele – marcou apenas um gol na Copa do Mundo. Agora, tenta se recuperar contra a Colômbia, pelas quartas de final. O desafio é grande, mas não será a primeira vez que ele precisa virar o jogo.
Fred já deu algumas reviravoltas na carreira, não só dentro de campo, desde que chegou ao profissional no América-MG em 2003. Se hoje ele é um dos jogadores mais queridos do grupo e conhecido por fazer sucesso com as mulheres, nem sempre foi assim. Anos atrás quase foi preso por desacato à autoridade e, quem diria, até no amor já teve seus tempos de vacas magras.
Quem afirma é Mauro Fernandes, técnico que conhece bem o centroavante e foi o seu primeiro comandante no profissional. Foi ele quem viu qualidade no atacante e pediu que ele fosse promovido quando ainda estava no time júnior.
Mauro guarda boas lembranças do jogador que dava suas escorregadas quando o assunto era disciplina. Fred aprontou logo em sua estreia no profissional, quando marcou um gol na vitória do América por 2 a 1 sobre o Vila Nova, pelo Campeonato Mineiro.
Na comemoração, pegou o "cap" (espécie de boné) de um policial militar que trabalhava no gramado, fez graça para a torcida fazendo pose de mal e depois jogou o acessório no chão. O PM não gostou nada e quase prendeu o atleta por desacato à autoridade.
"Tinha um policial na beira do gramado. Quando ele fez o gol, ele tirou o chapéu do PM, colocou na cabeça e ficou brincando. Todo mundo achou graça, mas isso deu um rebu danado. O policial ficou chateado, foi ao vestiário. A diretoria teve que conversar para acalmar os ânimos".
Antes disso, ele quase foi dispensado do América depois de ser punido por indisciplina. "É a juventude. Ele era um garoto de 18 anos e morava junto com muitos outros jovens. Às vezes eles são farristas", disse.
O Fred que "causou" até com a polícia contrasta com o jogador boa praça, querido por todos e considerado um "cara de grupo". Mas não foi só isso que mudou de lá para cá. O galanteador que faz sucesso com a mulherada, já xavecou até no sinal de trânsito e tem o apelido de 'Don Fredon' também passou aperto na conquista.
"Aquela época era de vacas magras, ele era bezerrinho, hoje que tem o pasto farto. Mas não era assim não. As meninas não ficavam atrás, era muito mais difícil", brincou Mauro.
Hoje, o comandante não tem mais tanto contato com o jogador que se transformou em um astro. Eles conversam algumas vezes quando o atacante visita Belo Horizonte. Mas o técnico 'coruja' acompanha de perto e observa o atual momento do atleta na seleção, que ele admite que deixa a desejar.
"Ele vem tendo um sacrifício grande para jogar. Ele está jogando isolado e realmente tem poucas oportunidades de finalização, só duas ou três oportunidades para fazer o gol. Contra o Chile, por exemplo, tinham três zagueiros em cima".
Mas, depois de tantas histórias de virada de jogo, Mauro está confiante de que os gols vão começar a sair. "Espero que ele dê a volta por cima e faça gols no próximo jogo", disse ele que ainda lembrou. "Em uma época, ele vivia um momento difícil dentro do próprio clube. Estava em uma lista para ser liberado, surgiu uma oportunidade ele realmente segurou. Depois foi para o Cruzeiro e hoje está aí como um dos principais jogadores do Brasil".
Calma e atenção
Amigo pessoal do jogador e responsável por colocá-lo no profissional do América-MG e levá-lo ao Fluminense, o supervisor de futebol Alexandre Faria vem conversando diariamente com o camisa 9. E os conselhos para que a fase ruim passe são simples.
"Ele precisa ter calma e atenção. Talvez seja isso que esteja faltando. Todo atacante vive de gols e ele sabe que precisa fazer mais. Mas tudo passa pela atuação do time, que também não está tão bem. Por isso, ele tem que estar cada vez mais atento. As fases vão ficando mais complicadas e ele acaba jogando por uma bola em 90 minutos. Tem que estar, principalmente, com a cabeça boa. Quando chegar ali, é colocar para dentro", aconselhou o amigo.
"Falei com ele depois do jogo contra o Chile, falei hoje [domingo] de novo. O time precisa muito dele, ele precisa ficar calmo, relaxado. Ano passado, na Copa das Confederações, tinha ocorrido algo semelhante. Ele não fez gols nos dois primeiros jogos e depois deslanchou. Tenho certeza que poderá repetir. O momento é complicado, mas ele já passou por coisa muito mais difícil e superou. Está bem fisicamente, o que é uma grande vitória, não tem lesão, e agora só precisa ficar com a cabeça boa", encerrou Alexandre Faria.