A Holanda estava treinando no Pacaembu, mas só havia chilenos do lado de fora. As duas seleções se enfrentam segunda-feria, a partir das 13h (horário de Brasília), no Itaquerão. Roberto Berrio, 43 anos e muitos quilos acima do peso, tinha uma explicaçao bem nacionalista. "Eles não amam a seleção como nós. Acho que nem gostam muito de futebol", exagerou.

Roberto, Abel, Paulina, Henrique e Bernardo, são cinco dos 150 amigos que vieram de Iquique, cidade de 180 mil habitantes a 1800 quilômetros ao norte de Santiago. Vieram divididos em cinco ônibus. Levaram seis dias de viagem até Cuiabá, e percorreram 2400 quilômetros.

Eles viajam em um pacote turístico que leva os chilenos às cidades onde o Chile joga. Estiveram em Cuiabá, Rio e agora São Paulo. Com direito a uma passagem por Aparecida, para visitar a Basílica. Tudo isso por um valor equivalente a R$ 3500.

Com um pequeno detalhe. "Temos ingresso só para o primeiro jogo. Não conseguimos ver a vitória contra a Espanha e acho que não vamos ver contra a Holanda também", diz Roberto.

A solução? "Hoje, viemos conhecer o Museu do Futebol. Voltamos para Aparecida e vamos rezar bastante para que Nossa Senhora nos ajude a conseguir um ingresso. A gente fica na frente do estádio tentando negociar. Quando não dá, a gente procura um telão".

Estão acreditando em milagre. Tanto quanto acreditam na "Roja".

"Essa é a nossa melhor seleção de todos os tempos. Temos Alexis [Sanchez], espetacular. Tem mais gente boa, como Valdivia, Medel e outros. Se a gente for fazer uma seleção de todos os tempos, entra o Figueroa, o Caselly e poucos mais. A base seria essa aqui", analisa Roberto. "Por isso, a gente acredita em milagre. Estamos rezando muito"

Então valeu a pena?

Sim, todos gritam. "La Roja es nuestra". E, sem que ninguém pedisse emendaram o já famoso Chi Chi Chi, Chi-le, Chi-le, Chi-le".