Onde está o bicho-papão? Favoritos tropeçam e deixam Copa em aberto
Do UOL, em São Paulo
Nenhum dos grandes favoritos ao título tem tido vida fácil no Brasil. Com a segunda rodada quase no fim, ainda não apareceu nesta Copa do Mundo uma seleção que desponte como a grande candidata ao título.
As dificuldades e o tropeço por que passaram Argentina e Alemanha contra adversários menores no último sábado foram apenas a conclusão de uma tendência entre todos os campeões mundiais neste ano. Brasil, Itália e Espanha, que antes da Copa eram candidatíssimos ao título, também têm sofrido bastante, especialmente os espanhóis, já eliminados.
Entre aquelas equipes que corriam por fora antes da disputa começar, França e Holanda conseguiram duas vitórias em seus dois jogos, mas elas não vieram com tanta facilidade assim.
Veja um raio-x da participação turbulenta dos grandes favoritos da Copa até aqui.
Alemanha: um passeio e um alerta
A primeira rodada apontou a Alemanha como um time especial, aquele a ser batido no Brasil, graças à goleada impiedosa sobre Portugal. O 4 a 0 sobre o time do melhor jogador do mundo encheu os olhos dos torcedores e arrepiou os adversários, principalmente pelo dia especial que viveu o atacante Thomas Müller, que fez três gols.
Mas, quando a Alemanha voltou a campo contra a Gana, tudo mudou. Problemas defensivos, principalmente nas laterais do campo, e muita lentidão no meio-campo resultaram na virada dos africanos no segundo tempo. A Alemanha precisou correr atrás de um resultado e, por muito pouco, não saiu derrotada de Fortaleza. Um gol de Miroslav Klose salvou a equipe no final. O "time a ser batido" virou apenas mais um que vai brigar pela classificação no última partida do grupo.
Argentina: sofrimento contra pequenos
Talvez uma seleção que tem Lionel Messi não precisasse, mas a Argentina foi bastante beneficiada no sorteio da Copa ao cair em um grupo cheio de times fracos. Mas o que se anunciava como um passeio sobre Bósnia, estreante em Copa, e Irã na verdade foram duas partidas muito duras, nas quais os argentinos venceram por um único motivo: Lionel Messi.
A atuação ruim no primeiro jogo pode ser creditada ao nervosismo na estreia, mas não existe desculpa para ficar mais de 90 minutos sem conseguir fazer gol no Irã, em um Mineirão com jeito de Monumental de Nunez. O empate parecia certo, mas "o baixinho fez a diferença", como definiu o goleiro Romero (ele mesmo responsável por defesas incríveis que impediram gols persas).
Itália: atropelada pela zebra
Os italianos encheram os olhos do mundo depois da boa vitória no clássico contra a Inglaterra na primeira rodada. Mas a derrota para a Costa Rica fez os admiradores da Azzurra ficarem com um pé atrás. Não apenas pela derrota em si, mas pelo modo como a Itália foi engolida pelos costarriquenhos durante todo o jogo.
O time que começou como o grande favorito a sobreviver no grupo da morte também terá que jogar um duelo de matar ou morrer contra o Uruguai. Como a Costa Rica já está classificada às oitavas, um dos campeões mundiais voltará para casa mais cedo.
Brasil: um novo tropeço pode virar tragédia
A vitória apertada contra a Croácia na abertura do Mundial não preocupou tanto quanto o empate diante do México. Menos pelos pontos perdidos e mais pela falta de alternativa de jogo. Agora, depois de 36 anos, o Brasil chega à terceira partida de um Mundial precisando de um resultado.
Um empate garante vaga nas oitavas, mas uma derrota pode significar a eliminação precoce, o que seria a maior tragédia do futebol brasileiro.
Espanha: o título que virou vexame
Entre todos os favoritos, nenhum sofreu mais do que os atuais campeões. Uma goleada humilhante para a Holanda e uma derrota acachapante para o Chile fizeram a seleção-sensação dos últimos anos se despedirem mais cedo do Brasil. A próxima partida, contra a Austrália, terá ares de melancolia, com o dois times já eliminados.
Holanda e França: desacreditados em ascensão
Holanda e França não eram apontados como claros candidatas ao título antes da bola rolar, os primeiros por terem um time que é misto de veteranos supostamente em decadência e garotos inexperientes, os outros por terem perdido seu principal jogador Franck Ribery.
Mas bastou o futebol começar para os prognósticos ficarem mais favoráveis. A Holanda goleou os atuais campeões de maneira impiedosa e também venceu seu segundo jogo. A França atropelou seus dois adversários até aqui.
Mas, mesmo com 100% de aproveitamento, as duas seleções tiveram grandes dificuldades em seu jogos. A Holanda sofreu para vencer a Austrália, em um jogo cheio de viradas. E a França só venceu a frágil Honduras depois que os caribenhos tiveram um jogador expulso e, por causa disso, a marcação afrouxada.