Eles não tinham ingresso, mas entraram no Castelão e viram o jogo

José Ricardo Leite e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em Fortaleza

Dá para ver um pouco da imagem do jogo, sim. Claro que com muitas cabeças na frente e gente passando. Mas é visível a grama verde e os uniformes dos dois times. Táticas, detalhes e diferenciações de jogadores são difíceis, mas tudo vale para dizer que se sentiu em dentro de uma partida de Copa do Mundo.

Foi isso que dezenas de torcedores fizeram no estádio do Castelão, na última terça-feira, no jogo entre Brasil e México. Eles conseguiram ter acesso ao complexo do estádio e só eram brecados no portão final, que ficava a pouco mais de 20 metros do campo. Com um vácuo imenso dali até o gramado, era possível ver o que os times faziam e sentir muito de perto o calor da torcida.

"Para quem não pagou nada, isso aqui é luxo. Não dá para reclamar. Estou vivendo a Copa do Mundo. Até consegui comprar bebida e comida. Se soubesse que seria assim, nem me estressaria tentando comprar ingressos. O que vale é a festa. E eu estou aqui participando dela", resumiu o zelador Francisco Caldas.

Até mesmo o clima de rivalidade se fazia presente na grade. "Já discutimos e comentamos o jogo. Está bem legal aqui. Vários amigos e familiares duvidaram de mim, mas posso voltar para casa e falar que fui a um jogo da Copa", disse o mexicano Oscar Ramírez, que viajou para o Brasil sem ingressos.
De onde acompanhavam o jogo, todos eles tinham acesso a muita coisa do padrão Fifa, como o quiosque da cerveja patrocinadora, bares e outros.

Os "sem ingresso" ainda conseguiam usar banheiros químicos colocados à disposição para torcedores. Quem quisesse fazer o famoso selfie, dizendo que estava na partida, poderia facilmente "dobrar" o amigo só com aquela vista.

Os relatos eram praticamente idênticos: todos passavam pela primeira barreira policial sem serem incomodados, seguiam para a porta do estádio e eram informados por agentes policiais, da Fifa e do COL de que poderiam chegar até a grade interna do Castelão sem problemas.

"Eu vim andando, perguntei se poderia chegar mais perto e ninguém falou nada. Depois, próximo dos detectores de metais, um voluntário me disse que eu só não poderia passar da grade. Então fiquei aqui. Já está legal. Uma amiga minha entrou, eu não. Mas vou sacanear e dizer que vi o mesmo jogo sem pagar nada", brincou a auxiliar de enfermagem Camila da Silva.

Ao final da partida, com portões abertos para a saída dos torcedores que pagaram ingresso, muitos ainda entraram e tiraram algumas fotos. E mesmo sem gols, arranjaram motivos para comemorar.

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