Sem Hulk e com titulares em baixa, banco de reservas da seleção não decide
Gustavo Franceschini
Do UOL, em Fortaleza
Luiz Felipe Scolari e Thiago Silva se gabaram, um dia antes do jogo, que o Brasil tem elenco e que qualquer reserva pode entrar sem comprometer a qualidade do time. Não foi isso que se viu em Fortaleza, nesta terça, diante de um Castelão lotado.
Contra o México, o Brasil, pela primeira vez na era Felipão, teve de testar seu elenco. Hulk, com seu equilíbrio entre a capacidade defensiva e o ímpeto no ataque, ficou fora por causa de dores musculares na coxa esquerda, e foi substituído por Ramires.
Volante de origem, o ex-cruzeirense não funcionou. Durante todo o primeiro tempo, enquanto esteve em campo, ele pegou pouco na bola. Diante de um México que não se satisfez com o papel de coadjuvante, foi obrigado a voltar seguidas vezes para ajudar Daniel Alves na marcação e poucas vezes deu opção no setor ofensivo.
Foi um baque para um meio-campo fragilizado, que teve Paulinho novamente apagado e Oscar sem o brilho da estreia contra a Croácia, quando foi o melhor em campo. Se Neymar estava ainda melhor que na estreia, Fred conseguiu piorar, e o Brasil passou os primeiros 45 minutos sem volume de jogo suficiente para dizer que controlava o jogo.
Pior que isso, o time ainda parou no goleiro Ochoa. Bem colocado, elástico e atento, ele evitou o gol brasileiro em seguidas oportunidades. Na melhor deles, buscou no canto direito uma bela cabeçada de Neymar, após cruzamento de Daniel Alves, que ainda parou na trave.
Felipão, como o estádio inteiro, percebeu que seu time não andava bem e colocou Bernard. O menino da "alegria nas pernas", solução em alguns momentos da Copa das Confederações, está longe da forma que apresentava em 2013, quando vivia seu melhor momento no Atlético-MG. Muito avançado, ele ajudou a abrir um buraco no meio-campo do Brasil, que passou a ter de apelar para o chutão.
Fez falta o velho Paulinho, que em outros tempos era o motor do time e desafogava Neymar e Oscar. Hoje, o ex-corintiano corre pelo campo inteiro, mas nem ajuda na marcação nem chega com perigo ao ataque. Hernanes, solução em 2013, não tem agradado Felipão e não saiu do banco. Willian, que chegou a parecer um 12º jogador do técnico, só entrou a seis minutos do fim do tempo regulamentar, na vaga de Oscar.
Sem nenhuma opção que lhe enchesse os olhos, Felipão aparentemente escolheu baseado em quem estava pior em campo: Fred. De novo apagado e com dificuldade de se posicionar entre os zagueiros, o atacante desta vez não pôde se camuflar em uma goleada, um gol salvador ou um pênalti sofrido, como fizera nos três jogos anteriores.
Aos 22 minutos do segundo tempo, o atacante do Fluminense, artilheiro da Copa das Confederações do ano passado, deixou o campo vaiado. O problema é que quem entrou foi Jô.
Pior jogador da seleção nos treinamentos até agora, o centroavante canhoto do Atlético-MG só repetiu, valendo, o vinha fazendo quando não tinha o peso de uma Copa no Mundo nas costas. Em pouco mais de 20 minutos em campo, ele pisou na bola, dominou mal, se colocou de maneira equivocada e não ajudou em nada a seleção, que terminou com um 0 a 0 frustrante e que deixa o time não podendo perder contra Camarões, na próxima segunda, para avançar às oitavas de final.