Goleadores honram fama e esquentam disputa individual

Do UOL, em São Paulo

Eles chegaram ao Brasil com toneladas de expectativas sobre os ombros e, ao menos até aqui, têm correspondido a elas. Além de ajudarem a dar a esta Copa uma das maiores médias de gol da história moderna, os principais goleadores do futebol mundial já começam a projetar sua briga particular pela artilharia no torneio.

Essa disputa promete ser intensa se depender do que vimos nos 14 primeiros jogos.

Como o Mundial acontece sempre ao fim da temporada europeia, havia o temor de que os principais astros chegassem ao Brasil estourados e tivessem desempenho pior do que apresentam em seus clubes. Não é o que tem acontecido.

A lista de artilheiros da Copa não tem surpresas: é composta por aqueles jogadores que vieram ao país com a mais nobre das missões no futebol: fazer gols.

Encabeça a lista Thomas Müller, que marcou três vezes na goleada alemã sobre Portugal. Detalhe: ele foi o artilheiro do Mundial da África do Sul, onde fez apenas cinco gols ao todo.

Marcaram duas vezes o brasileiro Neymar, os holandeses Van Persie e Robben, além do francês Benzema (a rigor, incluiríamos aqui o mexicano Giovani dos Santos, que teve dois gols mal anulados pela arbitragem, mas a história das Copas também é feita de injustiças).

Outros artilheiros do futebol mundial como Balotelli, Alexis Sanchez, Cavani, Sturridge e Honda também balançaram as redes. E Lionel Messi, que só tinha feito um gol em Copas até hoje, já deixou o seu segundo no Maracanã, na vitória da Argentina sobre a Bósnia.

E se precisamos de uma exceção para confirmar a regra, temos Cristiano Ronaldo, o melhor jogador do mundo e a única estrela que passou em branco na primeira rodada da Copa. Ele bem que tentou minimizar a humilhação de Portugal diante da Alemanha, mas acabou saindo de campo chateado (e com o cabelo bagunçado).

Veja como seus colegas se saíram.

Thomas Müller: um esporro, três gols

REUTERS/Dylan Martinez

É sempre bom manter distância segura do zagueiro luso-brasileiro Pepe, um dos grandes carniceiros do futebol mundial, e Müller logo descobriu por quê. Ele já tinha sido o artilheiro e a revelação da última Copa, mas quando entrou em campo em Salvador na segunda-feira para enfrentar Portugal, viveu uma situação esquisita.

Em uma disputa de bola com Pepe, Müller foi agredido no rosto, caiu reclamando de dor e, mesmo completamente inocente na situação, precisou aturar o rival gritando e babando ao pé de seu ouvido. Descontrolado, Pepe ainda ameaçou uma sutil cabeçada no alemão. Acabou levando um cartão vermelho.

E Müller, que já tinha feito um gol na tarde, marcou mais dois e saiu de campo ignorando Pepe e elogiando a Alemanha. "Foi muito difícil em alguns momentos por causa do clima, mas tivemos os contra-ataques e pudemos aproveitar bem. Passamos uma boa imagem", disse ele.

Benzema: dois gols e meio

Paul Gilham/Getty Images

Com o corte de Franck Ribery, Karim Benzema se tornou a grande esperança do time francês de sair do Brasil com qualquer coisa maior do que a eliminação vexatória na primeira fase da Copa da África do Sul. E o centroavante do Real Madrid começou bem, com dois gols e a metade de um terceiro, que nasceu de seus pés, mas só se concretizou porque bateu nas luvas do goleiro adversário antes de cruzar a linha e se confirmar como um gol contra.

Mas Benzema não tem muito do que se queixar. Além dos dois gols, foi escolhido como o melhor do jogo e ainda entrou na história do futebol: esse lance protagonizado por ele e pelo goleiro Valladares foi o primeiro tento validado com uso da tecnologia de câmeras da Fifa.

Van Persie: um peixinho e um "high five"

Reuters

O holandês fez o gol mais bonito da Copa até agora, um peixinho que encobriu o goleiro da Espanha e abriu caminho para goleada humilhante sobre os atuais campeões mundiais. Mas o atacante do Manchester United também chamou atenção por comemorar pedindo um "high five" para o sexagenário Louis Van Gaal.

O cumprimento não saiu 100%, o que talvez sugira que os dois precisam treiná-lo mais para o restante da Copa. Mas Van Persie mostrou que está com o faro preciso: marcou duas vezes e se credenciou como um dos postulantes a artilheiro do Mundial.

Robben: corra, Arjen, corra

Xinhua/Yang Lei

Não foram apenas os dois gols, a frieza, a precisão e o oportunismo que chamaram atenção na atuação individual de Arjen Robben contra a Espanha em Salvador. O holandês alegadamente bateu o recorde de velocidade em um campo de futebol quando arrancou do campo de defesa a 37 km/h, ultrapassou Sergio Ramos e driblou Casillas para aumentar a goleada.

Só para comparar, o recorde olímpico do jamaicano Usain Bolt é 44 km/h.

Neymar: erro é não fazer gol

AFP PHOTO / FABRICE COFFRINI

Às vezes, você faz errado e dá certo. Os dois chutes que Neymar deu contra o gol da Croácia na abertura da Copa não foram os melhores já produzidos por seus habilidosos pés. O primeiro saiu fraco, mas bem colocado. O segundo foi mal colocado, mas saiu forte. Nos dois casos, o goleiro croata não conseguiu defender, e a bola foi parar no fundo das redes, às quais ela pertence.

Melhor para o Brasil, que tem o mais jovem candidato a artilheiro desta Copa e o que tem as maiores responsabilidades. 

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