Oito anos e oito jogos depois, Messi enfim faz gol num Mundial
Fernando Duarte
Do UOL, no Rio de Janeiro
A falta cobrada aos 18 minutos do segundo tempo teria deixado orgulhoso um kicker da NFL, mas até aquele momento era o símbolo da noite difícil por qual passava Lionel Messi – era, por exemplo, o primeiro chute a gol do camisa 10 argentino na partida. Dois minutos depois , porém, o atacante do Barcelona, numa bela jogada individual, enfim acertou a rede. Pela primeira vez em oito anos e em oito jogos. E ajudou a Argentina a vencer a Bósnia por 2 a 1, na estreia da sua seleção na Copa do Mundo do Brasil.
Messi está em seu terceiro Mundial, mas até este domingo havia marcado uma única vez, nos 15 minutos em que esteve em campo, vindo do banco, na goleada de 6 a 0 da Argentina sobre a Sérvia no Mundial da Alemanha, em 2006. Após nove partidas, o dono de quatro títulos de melhor jogador do mundo tem em Copas o mesmo número de gols que Neymar, com a diferença que o brasileiro marcou os seus num único jogo, contra a Croácia, na quinta-feira passada.
O gol, bastante celebrado por Messi, evitou que a noite fosse uma decepção para o jogador. A Argentina estreou com vitória numa noite em que sua torcida deu um show de animação no Maracanã, mas a postura do time em campo não poderia ter sido mais diferente diante de uma Bósnia que, ao menos no primeiro tempo, merecia sorte melhor que sofrer um gol contra com três minutos de jogo.
Diferentemente de anos anteriores, a Argentina veio para o Brasil com um sistema montado em torno de seu principal jogador. Mas isso acabou sendo um problema por causa de um desempenho pífio de Messi, que fechou a etapa com apenas 14 passes certos e nenhum chute a gol. Suas arrancadas eram facilmente monitoradas e em cinco ocasiões Messi foi desarmado com uma simplicidade assustadores por seus marcadores.
Cada um desses desarmes foi celebrado efusivamente pelos muitos torcedores brasileiros no Maracanã, mas mesmo os argentinos pareceram tímidos quando cantavam o nome do craque.
Messi quase marcou um segundo gol no apagar das luzes. Teria sido estatisticamente relevante, levando-se em conta que o chute na rede pelo lado de fora foi apenas o terceiro em 90 minutos. Mas o argumento de que o craque não consegue deslanchar em Copas persiste. E não vai ser o prêmio de melhor da partida, cuja escolha é influenciada por voto popular, que vai desafiá-lo.