Felipão cumpre rotina de 'caça ao inimigo' e encontra um fora de campo

Gustavo Franceschini, Paulo Passos e Ricardo Perrone

Do UOL, em Teresópolis (RJ)

  • Christopher Lee/Getty Images

    Felipão explode de alegria com gol da seleção brasileira no Itaquerão

    Felipão explode de alegria com gol da seleção brasileira no Itaquerão

Se tudo der certo, o Brasil terá sete rivais até a conquista do hexacampeonato. Nos últimos dias, para Luiz Felipe Scolari, o time ganhou um inimigo. A repercussão do pênalti polêmico em Fred, na vitória de 3 a 1 sobre a Croácia, levou a técnico a preocupar-se e, principalmente, se irritar com o que foi publicado na imprensa internacional, segundo apurou o UOL Esporte.

A ideia que a comissão técnica quer passar é a de que a divulgação das reações sobre o lance nos veículos de comunicação é uma forma de prejudicar o Brasil nos futuros jogos da Copa do Mundo. Isso, segundo o treinador, faria com que os árbitros entrassem em campo nos jogos da seleção com predisposição para compensar a marcação do pênalti em Fred no primeiro jogo do Mundial.

A comissão técnica chegou a cogitar a divulgação de uma nota no site da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para reclamar da repercussão que estava sendo dada ao lance. A ideia, porém, foi abortada e substituída por um pronunciamento do atacante Fred dizendo que houve a penalidade.   

A estratégia de usar a imprensa como instrumento de motivação não é nova na linha de trabalho de Scolari. Em clubes e nas seleções do Brasil e de Portugal, o treinador criou um "inimigo externo" para unir seus jogadores e aumentar o apoio do torcida. Desde a década de 90, quando começou a acumular títulos na carreira, a tática de distribuir jornais com críticas ao seu time a seus jogadores era utilizada.

Dias antes da convocação para a Copa do Mundo, em maio, Scolari admitiu em palestra num congresso de psicologia em São Paulo que usaria críticas da imprensa para motivar seus atletas. Na oportunidade ele citou comentários que eram feitos sobre alguns de seus preferidos, como Paulinho, reserva no Tottenham, Júlio César, que ficou por muito tempo sem jogar na temporada, e Luiz Gustavo, que foi para um time de menor projeção na Alemanha, o Wolfsburg.

"Vou usar o jornal e dizer: 'fulano, você não joga nada', o outro joga em time pequeno. É tudo coisa boa para mim, vou mostrar isso aos jogadores", disse o técnico.

Antes da polêmica do pênalti de Fred, Scolari já havia reclamado da imprensa internacional, dando a entender que havia interesse em prejudicar a seleção. Questionado sobre as críticas sofridas por Neymar, na Espanha, e Paulinho, na Inglaterra, retrucou.

"São criticados por quem?", questionou. "Alguém tem interesse em criticá-los num país distante. Se vocês, brasileiros, observarem os jogos, verão que estão jogando normalmente e são exponenciais para as suas equipes. Só não são exponenciais para os jornalistas das cidades onde jogam, porque eles (jornalistas) têm interesse", disse, sem explicar, porém, que motivações seriam essas.

Rei de popularidade

A bronca com a imprensa estrangeira acontece no momento que Felipão vive o seu ápice de popularidade no Brasil. Segundo pesquisa do instituto Datafolha, 68% dos entrevistados aprovam o trabalho do treinador. É o índice desde que a pesquisa começou a ser feita em 2002.

Na convocação para a Copa não houve nenhuma polêmica, pouquíssimos nomes contestados e tampouco alguma ausência muito lamentada. Em 2002, ele sofreu grande pressão por não levar Romário. Em menor escala, Dunga também foi criticado no último Mundial por não levar Neymar e Ganso para a África do Sul.

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