Torcedores com camisas vermelhas circulavam pelo aeroporto de Cuiabá minutos antes de a delegação da Coreia do Sul desembarcar no local. Só que em vez do coerano, o idioma que eles usavam para se comunicar era o espanhol. O vermelho dos uniformes deles era do Chile. Sem alarde e sem festa, a chegada dos asiáticos à cidade mato-grossense é o maior símbolo de uma nova fase da Copa do Mundo de 2014 no local.

Nos dias que precederam Chile x Austrália, primeiro jogo da Copa em Cuiabá, a cidade recebeu grande contingente de torcedores das duas seleções. Principalmente do país sul-americano, que foi maioria absoluta nas arquibancadas da Arena Pantanal na sexta-feira.

Antes de a Copa começar, as estimativas oficiais dos governos de Austrália e Chile diziam que cada país mandaria 20 mil torcedores para Cuiabá. Nos dias que precederam o duelo entre eles, porém, a sensação nas ruas era de uma torcida chilena muito maior.

A maior parte desses chilenos deixou Cuiabá na manhã de sábado, horas depoisd o jogo contra a Austrália. Até o início da tarde de domingo, porém, ainda havia torcedores do país sul-americano circulando pelas ruas e pelo aeroporto da cidade.

Em lojas do centro histórico, a debandada dos chilenos já provocou impacto. Comerciantes ouvidos pela reportagem estimam que o movimento de sábado tenha sido até 40% menor do que o registrado na sexta-feira.

Além da quantidade, os chilenos chamaram atenção em Cuiabá pelo barulho (no bom sentido). Os sul-americanos cantavam muito por onde passavam, em ruas, bares e restaurantes. Isso se repetiu no Fan Fest montado pela Fifa e na própria Arena Pantanal – chamou atenção antes do jogo a cena da torcida cantando à capela o hino do país.

Entre os quatro jogos que Cuiabá receberá na Copa de 2014, Chile x Austrália foi o que vendeu mais entradas. O segundo mais popular é o último, Colômbia x Japão, marcado para 24 de junho. Rússia x Coreia do Sul (17 de junho) e Nigéria x Bósnia (21 de junho), por outro lado, estão entre as partidas com menos entradas comercializadas.

Essa diferença pôde ser sentida em Cuiabá nas últimas horas. Com o êxodo de chilenos e australianos, a cidade ficou vazia. Neste domingo, não havia nenhum torcedor da Coreia do Sul no aeroporto para acompanhar o desembarque.

O único oriental no local era um paulista que vai trabalhar como tradutor para uma TV da Coreia do Sul. Muitos sul-coreanos haviam passado por ali minutos antes, mas todos eram jornalistas.

A falta de uma recepção calorosa nem foi sentida pela delegação da Coreia do Sul, que não passou pela área de desembarque do aeroporto e foi diretamente para o hotel. O time treinará nesta tarde – aliás, a atividade será a primeira de uma seleção na UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso), centro oficial de treinamento da Copa, que não foi usado por Chile e Austrália.