Irmão, camisas do Palmeiras e idolatria: Valdivia está em casa na Copa
Guilherme Costa
Do UOL, em Cuiabá (MT)
Os 23 jogadores que o técnico Luiz Felipe Scolari convocou para a seleção brasileira não são os únicos que se sentem em casa na Copa de 2014. A despeito de não estar no país natal, há um jogador na seleção chilena que se comporta como se estivesse no próprio quintal. Autor de um dos gols na vitória por 3 a 1 sobre a Austrália, na última sexta-feira, Valdivia é um dos personagens do Mundial até aqui.
Depois do triunfo de sexta-feira, em Cuiabá, Valdivia foi o jogador mais disputado da zona mista. Mais até do que Arturo Vidal, principal nome da atual seleção chilena.
Entre perguntas sobre o gol ou o jogo, a maioria foi sobre a relação do camisa 10 com a torcida: "O carinho tem sido incrível. Tenho recebido muito impulso, e isso é uma responsabilidade muito grande. Espero retribuir esse apoio", disse Vadivia.
Um dos termômetros do quanto o meia do Palmeiras tem sido tratado como estrela no Brasil é o quanto o nome dele é falado nas conversas entre brasileiros e estrangeiros. Quase todos os diálogos de chilenos com locais têm a seguinte mecânica:
"De onde você é?"
"Do Chile"
"Chile? Valdivia!"
A camisa mais popular entre os torcedores chilenos que circularam por Cuiabá era a de Alexis Sánchez, autor do primeiro gol da seleção sul-americana na Copa. Os uniformes com o nome de Valdivia não eram apenas da seleção – havia muita gente com produtos do Palmeiras nas ruas da capital mato-grossense.
"A Copa aqui me faz sentir em casa. Hoje [sexta-feira] eu vi muitas camisas do Palmeiras. Muita gente gritou meu nome. Isso me faz sentir como se estivesse no Chile, mas também no Brasil", contou Valdivia depois do jogo contra a Austrália.
O comportamento da torcida, aliás, foi um capítulo à parte no jogo de sexta-feira. Maioria na Arena Pantanal, os chilenos cantaram o hino à capela, gritaram "olé" ainda no primeiro tempo e cantaram o tempo todo. "Os chilenos eram 80% hoje [sexta-feira] e apoiaram muito. Não podíamos ter agradecido de um jeito melhor do que vencendo o jogo", comentou o camisa 10 do Chile.
O apoio popular e as camisas do Palmeiras, contudo, não são as únicas razões para Valdivia se sentir em casa. O irmão dele, Luiz Enrique, de 37 anos, viajou de carro para o Brasil e se hospedou em um camping de Cuiabá. Agora, deve seguir para o Rio de Janeiro atrás da seleção chilena. "Ele está dando sorte. Espero que essa sorte continue", disse Valdivia entre risos.
O próximo jogo do Chile na Copa será contra a Espanha, no dia 18 de junho, no Maracanã. Depois, no dia 23, os sul-americanos enfrentarão a Holanda em São Paulo. A preparação para esse jogo deve ser feita em outro lugar que fará Valdivia se sentir em casa: o CT do Palmeiras.