Promessa de 'padrão Fifa' falha e Itaquerão passa raspando na abertura
Luiza Oliveira, Fernando Duarte, Ricardo Perrone e Rodrigo Mattos
Do UOL, em São Paulo
Não houve a qualidade de serviços prometidas pela Fifa, e o Itaquerão passou perto de um vexame na abertura da Copa do Mundo de 2014. O jogo entre Brasil e Croácia teve vários problemas operacionais como falha na iluminação, falta de comida e problemas de funcionamento geral do estádio, como no acesso a internet, por exemplo. Mas não ocorreu o caos temido por dirigentes da Fifa visto que transporte e acesso do público funcionaram sem grandes problemas.
O Itaquerão recebeu dois eventos-teste antes do Mundial por causa dos atrasos, sendo que ambos não tiveram a capacidade total. Ele só foi entregue em maio e suas arquibancadas provisórias ficaram prontas a seis dias da abertura. E, nesta quinta-feira, foi a primeira vez que recebeu mais 62 mil pessoas.
A questão mais grave foram as falhas nos holofotes nos setores norte e leste da arena. Quando escurecia, todas as luzes foram acesas, mas metade das que estavam acima das arquibancadas dessas áreas não funcionaram. Lentamente, elas passaram a iluminar o campo também. Mas apagaram novamente, para só voltarem a funcionar dez minutos depois.
A sorte para o estádio é que isso ocorreu quando ainda havia luz do dia. Assim, o jogo não precisou ser interrompido, o que seria um vexame mundial na estreia da Copa. Mesmo assim, a falha é grave porque a transmissão de TV depende da qualidade da iluminação.
Segundo o COL, o problema foi resultado de uma falha técnica em um dos aparelhos de no-break que não havia acontecido nos testes realizados anteriormente. Ainda segundo o COL, a segunda queda na iluminação foi reflexo da tentativa de contornar o primeiro problema. Uma avaliação completa será feita no sistema de iluminação do estádio.
Houve diversos outros problemas operacionais menores em um estádio que só foi testado duas vezes. Os bares e lanchonetes não deram conta do público presente. No intervalo, diversos dos bares não tinham mais comida, o que repetia o ocorrido em arenas sem teste usadas na Copa das Confederações. Era comum a cena de um torcedor chegar para comprar comida e descobrir que se fora o último sanduíche.
"Não tinha comida no restaurante, não tinha bebida, estava muito desorganizado. Todo mundo furando fila e ninguém para orientar. Funcionou no jeitinho brasileiro", afirmou a arquiteta Karen Hung. Ela também reclamou de que a arquibancada provisória em que ela ficou balançava muito. "Parecia terremoto", afirmou.
A falta de acabamento também chamou a atenção de torcedores. "O estádio não está terminado. É o jeito brasileiro de fazer tudo improvisado. A cobertura não foi acabada e ainda tem cimento exposto, mas como é no Brasil fica charmoso", declarou o croata Zdravko Alaber.
A internet de wi-fi para jornalistas, que era uma das prioridades da entidade, foi instável durante a manhã do jogo, mas melhorou no período da tarde. Chegou a haver falhas na internet a cabo também, resolvidas durante o dia.
Outra questão foram os banheiros. Ao final do jogo, havia diversas privadas que não funcionavam e que deixavam os banheiros com cheiro ruim. O elevador de jornalistas não dava conta e parou em determinado momento por 15 minutos quando estava cheio. Repetiu, assim, falhas vistas nos eventos-teste. Na véspera do jogo, um dos elevadores já tinha parado de funcionar.
Em relação à operação, seguranças e orientadores não sabiam onde as pessoas deveriam se dirigir ou a que lugares teriam acesso. Ainda houve aglomeração de pessoas que não tinham assento e queriam assistir ao jogo em pé. Num dos setores, policiais rodoviários federais contribuíram para a aglomeração assistindo à partida.
De positivo, o transporte público e o acesso ao estádio. O temor em relação à greve dos transportes se dissipou e foi fácil para os torcedores chegarem na arena. Na saída, no entanto, houve aglomeração por causa da decisão da Fifa de bloquear vias para a saída dos VIPs. Assim, torcedores demoraram para chegar ao metrô.
O entorno do Itaquerão também teve um bloqueio eficiente, sem invasores ou ambulantes ilegais. O que se via era um clima de festa sem incidentes.
Praticamente todos os lugares do Itaquerão estiveram ocupados, com apenas 500 pessoas a menos do que a capacidade total. Isso demonstrou que funcionou bem a chegada à arena e até a marcação de lugares.
Serviços de segurança também tiveram bom desempenho. Uma briga entre torcedores foi rapidamente dissipada com um dos causadores do problema sendo retirado do estádio pelos seguranças privados. Setores técnicos, como campo e vestiários, também não tiveram reclamações.