Valdenir Moura estava até meio atônito. Ao lado dele, a mulher, as filhas e uma amiga balançavam ingressos efusivamente e só repetiam uma frase: "Eles deram". Vendedor de água de coco na frente da Arena Pantanal, em Cuiabá, o comerciante recebeu cinco ingressos de torcedores australianos que não conseguiram revendê-los.

A revenda de ingressos nas imediações dos estádios, sobretudo com ágio no preço, é prática condenada pela Fifa. Ainda assim, várias pessoas ofereciam entradas para o jogo em Cuiabá na tarde desta sexta-feira.

Horas antes do jogo, o preço pedido pelos vendedores era até duas vezes o valor do ingresso. Contudo, como havia mais oferta do que demanda, o valor das entradas foi caindo à medida em que o jogo se aproximava.

Uma hora antes do início de Chile x Austrália, várias pessoas resolveram apelar. Um grupo de australianos improvisou um cartaz para anunciar a venda de ingressos. Dois alemães passaram a abordar o público de forma mais incisiva.

Tudo isso foi feito a menos de cinco metros de uma viatura da Polícia Militar, responsável pelo controle da área. Não houve nenhuma tentativa de impedir o comércio de entradas.

Minutos antes do jogo, o corredor de gente oferecendo ingressos continuava. "Comprei vários, mas muitos amigos não puderam vir ao Brasil. Estou tentando diminuir meu prejuízo", disse um torcedor australiano.

A situação esgotou as esperança de um dos australianos. Foi por isso que ele abriu mão dos ingressos e deu cinco entradas para a família de Valdenir Moura. "E ele não foi o primeiro. Todo mundo aqui vai ver o jogo", disse o vendedor.

A família Moura vive em frente a um dos portões da Arena Pantanal. A pedido da mulher, Valdenir resolveu transformar a garagem numa venda de água e água de coco. Comprou 150 cocos, e pagou R$ 2 em cada um.

"Coloquei para vender a R$ 4, mas achei que sairiam dez ou 15 no primeiro dia. Aí chegou um grupo de chilenos e acabou com o estoque horas antes de o jogo começar", relatou o vendedor.