Comediante inglês detona Fifa e critica gastos da Copa em programa nos EUA

Do UOL, em São Paulo

O comediante inglês John Oliver, apresentador do programa Last Week Tonight with John Oliver, na HBO americana, não poupou críticas à Fifa na edição do último domingo (8). Fã de futebol, Oliver usou seu humor ácido para detonar a entidade que controla o futebol mundial, a quem considerou uma "organização comicamente grotesca".

"Nos Estados Unidos, futebol é um lugar onde você busca sua filha de 10 anos, mas para mim e para todo o resto do planeta, é um pouco mais importante", brincou o inglês ao tentar explicar a importância da Copa do Mundo fora do país.

Mas logo o tom mudou e ele começou a alternar piadas e críticas, com informações sobre denúncias de corrupção na Fifa, para atacar a entidade e seu presidente, o suíço Joseph Blatter.

Ele lembrou a paixão dos brasileiros pelo futebol, mas comentou a hostilidade de parte da população contra o Mundial, principalmente por causa dos gastos com estádios. Sobraram críticas à Arena Amazônia, em Manaus, mas o foco logo foi redirecionado à Fifa.

Confira abaixo as melhores frases de Oliver e o vídeo (em inglês):

"Parece um desperdício de dinheiro, considerando que esse estádio só será usado em quatro jogos da Copa. Não tem time em Manaus para usá-lo depois, o que o torna o banheiro de pássaros mais caro do mundo. Por isso os brasileiros estão tão chateados."

Ao falar sobre a Arena Amazônia, em Manaus

"Brasil, deixe eu falar de uma maneira que você entenda: pense em dinheiro como pelo pubiano e a Fifa como cera. Eles vão estar em cima de vocês durante a Copa, mas quando forem embora, vão levar tudo, incluindo de alguns lugares que vocês nem sabiam que tinham dinheiro."

"Fifa deixa muito como legado no Brasil, como novas leis. [Vídeo relembra a revogação da proibição de álcool nos estádios brasileiros, no Mundial] Parece uma boa ideia, para proteger as pessoas, mas o único problema é que a Budweiser é uma das principais patrocinadoras da Fifa, e eles fazem um produto que insistem em chamar de cerveja. A Fifa quer proteger a Budweiser de uma lei que protege as pessoas. Por isso, o secretário geral da Fifa foi ao Brasil. [Vídeo mostra Jérôme Valcke explicando que a venda de cerveja é necessária, e pedindo desculpas por "soar arrogante"] Como vocês diriam, 'f...-se suas leis e seu público'. E o incrível é que a Fifa venceu e convenceu o Brasil a aprovar a 'medida Budweiser', permitindo vendas de cerveja nos estádios, e nesse ponto você poderia ficar horrorizado. Ou aliviado, porque a Fifa não é patrocinada por cocaína ou serras elétricas."

"Quem faz um filme onde os heróis são os executivos? E você não precisa assistir isso. O melhor filme sobre Sepp Blatter dura 10 segundos e está no Youtube. [Vídeo mostra Blatter sofrendo uma queda ao cumprimentar uma pessoa] Fantástico! Essa é aquela única vez que você pode dizer genuinamente 'estou feliz que esse velho caiu do palco'."

Ao falar sobre "United Passions", ficção que conta a história da Fifa, lançada no último festival de Cannes

"50º C. Você sediará a Copa em um lugar onde o futebol não pode ser fisicamente jogado. É como se a NFL decidisse colocar futebol americano num lago. Há algumas denúncias de que executivos da Fifa receberam suborno para colocar a Copa no Qatar, e espero que seja verdade. Senão, não faz literalmente nenhum sentido."

Ao comentar a Copa de 2022, com a sede Qatar

"E ainda assim, estou muito empolgado para a Copa do Mundo e é difícil justificar como posso ter tanta alegria de uma organização que causou tanta dor. Futebol não é apenas uma religião, é uma religião organizada, e a Fifa é sua igreja. Pense: é legal, infalível, induz países da América do Sul a gastar dinheiro que eles não têm construindo catedrais opulentes e pode eventualmente ser responsável pela morte de um número chocante de pessoas no Oriente Médio [em alusão às denúncias sobre as condições desumanas de trabalho dos operários da Copa de 2022]. Mas para milhões de pessoas ao redor do mundo como eu, é o guardião da única coisa que dá sentido a suas vidas. E se essa comparação não fizer os americanos amarem futebol, nada conseguirá."

Ao finalizar seu comentário sobre Fifa e Copa do Mundo

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