Todos os dias quando sai do hotel que está hospedado em Vitória a delegação australiana passa em frente a casa da estudante universitária Gabriela Gazzinelli, 19 anos. No retorno a cidade depois do amistoso em Salvador na madrugada deste sábado os jogadores encontraram um grupo liderado pela garota que pintava a rua com imagens relativas a Copa do Mundo e a seleção do país do canguru.

Gabi, como é chamada, explicou que no começo dos trabalhos eram oito pessoas, mas os vizinhos foram se achegando e virou um piquenique em plena madrugada de sexta para sábado. Teve gente que levou pão de queijo, castanha, quibe, bolo, refrigerante e cerveja. Quando o ônibus que trouxe a seleção australiana passou pelo local havia 20 pessoas com as mãos manchadas de tinta que saudaram a passagem da delegação. Isto às 2h30 da madrugada.

A rua pintada é a Renato Nascimento D Carneiro e fica próxima ao hotel onde o time está hospedado. A via é caminho obrigatório para chegar ao aeroporto ou centro de treinamento. Gabi contou que simpatiza com os australianos porque o país lembra os brasileiros por causa do gosto por praias e sol.

Ela inclusive vestia a camisa da seleção estrangeira com autógrafos de jogadores. O nome deles também aparece no álbum de figurinhas da Copa que a universitária tem orgulho em dizer que completou. "A última seleção foi a do Brasil e o último jogador o Fred".

A iniciativa de enfeitar a rua ganhou a simpatia dos batedores que acompanham o ônibus que transporta os jogadores. Além de desviar das imagens, um guarda civil parou a moto na frente da pintura para que os carros tivessem de desviar e não passassem sobre a tinta que ainda estava molhada.

Mas o esforço nem foi necessário quando o caminhão do lixo se aproximou porque o motorista mudou o caminho por conta própria. Os trabalhadores ainda elogiaram o desenho que mostra Fuleco segurando uma bandeira que é metade da Austrália e metade do Brasil.

Gabi conta que imprimiu uma imagem da internet e levou numa loja de cópias para fazer a ampliação que serviu de molde. A pintura começou às 22h30 e logo ganhou reforço de oito pessoas que participavam de uma festa de aniversário na casa da frente. Juliana Largura, 24 anos, foi uma das pessoas que trocaram a balada por pincel e tinta.

Ela conta que trabalha na rede de restaurantes Outback que serve comida australiana. "Vi o que estavam fazendo e pedi para ajudar". Todos no local se dizem empolgados com a Copa, mas Juliana lamenta não ter encontrado ingressos para nenhuma partida. "Não consegui. Queria muito ir a um jogo do Brasil".