Com carreira sólida em clubes, Hernanes ainda derrapa na seleção

Gustavo Franceschini e Paulo Passos

Do UOL, em São Paulo

Hernanes foi convocado pela primeira vez para a seleção brasileira há seis anos. Desde então, três técnicos passaram pela equipe e o jogador foi chamado por todos, mas nunca se firmou como titular. Nos últimos dias, a chance parecia ter chegado, porém não veio. Depois de treinar no time principal no sábado, foi preterido por Ramires no amistoso contra o Panamá.

Segundo Luiz Felipe Scolari, Hernanes disputa duas posições na equipe: a de segundo volante e a de meia. Paulinho e Oscar, respectivamente, são os donos das vagas. A novidade, entretanto, é que ele já não aparece como primeira opção para substituir nenhum dos dois. Foi assim no jogo de terça, quando Ramires começou como segundo volante e Willian entrou no lugar de Oscar. Hernanes jogou no segundo tempo, até foi elogiado por Felipão, mas não escondeu a decepção com a chance perdida de começar o jogo.

"Fiquei um pouco decepcionado porque não tive a chance que eu queria, mas estamos com único objetivo que ser útil. Tem de respeitar decisões que vem de cima e fazer nosso melhor", afirmou.

O episódio não é novidade para o meio-campista de carreira sólida nos clubes onde passou (São Paulo, Lazio e agora Internazionale), mas que não conseguiu engatar ainda mais de três partidas como titular na seleção principal.

A estreia do pernambucano foi em março de 2008, com Dunga de técnico. Entrou no segundo tempo da vitória contra a Suécia, por 1 a 0, no lugar de Josué. Na época, o treinador estava testando jogadores para a Olimpíada de Pequim. Hernanes foi aprovado e virou titular no time. Na China, fez gol decisivo em jogo contra a Bélgica, mas viu o Brasil ser eliminado pela Argentina de Messi nas semifinais.

Após o torneio, Dunga voltou a chamar jogadores veteranos e Hernanes só foi convocado uma vez, substituindo Anderson, cortado por lesão, para um jogo das eliminatórias em setembro de 2008. Os títulos com o São Paulo e prêmios individuais, como o troféu de melhor jogador do Brasil, não lhe garantiam espaço na seleção.

Chance e gelo com Mano

Com promessa de renovação, Mano Menezes assumiu a seleção e Hernanes ganhou nova chance. Esteve na estreia, contra os Estados Unidos, começou no banco e entrou no segundo tempo.

No primeiro jogo de 2011, veio a oportunidade de ser titular. Durou 40 minutos. É que o volante foi expulso após dar uma pisada em Benzema. O lance irritou o técnico, que viu o time perder para a França, por 1 a 0, e seu trabalho começar a ser contestado.

Hernanes ficou fora da lista da Copa América. Só foi perdoado por Mano Menezes após a fracasso da seleção no torneio na Argentina. Jogando como meia, fez três jogos seguidos como titular, mas depois voltou a ser esquecido.

A instabilidade na seleção contrasta com a boa adaptação na Europa. Na Lazio, chegou e logo virou titular e ídolo da torcida. Na Inter, foi a mesma coisa.

"O meu perfil não foge do pernambucano cabra macho, arretado. Não desiste nunca. Determinação é a nossa maior força", respondeu Hernanes na primeira entrevista após chegar à Granja Comary. A pergunta era sobre a avaliação psicológica que os jogadores passaram, mas a resposta se encaixa bem no que o jogador precisará para manter as esperanças de triunfar na seleção.
 

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