"Homem-máquina": biografia revela segredos do sucesso de Cristiano Ronaldo

Igor Camargo

Da EFE, no Rio de Janeiro

Para quem se pergunta quais fatores colocam Cristiano Ronaldo em um patamar acima da maioria dos jogadores e o tornam um atleta por excelência, a biografia "CR7 - Os segredos da máquina", que chegará às livrarias brasileiras na próxima semana, promete ser um prato cheio.

A obra, dos jornalistas Luis Miguel Pereira, de Portugal, e Juan Ignacio Gallardo, da Espanha, e publicada pela editora Prime Books, se distancia de curiosidades sobre o lado celebridade do craque e se centra em características como sua obstinação pela perfeição nos aspectos técnico e de preparação física. Em suma, revela a construção de um campeão desde a adolescência até os dias de hoje. Uma autêntica receita de sucesso.

"O livro pode ser encarado como um manual a candidatos a jogador de futebol. Serve também para técnicos, e até os pais de jogadores encontrarão informações sobre a forma como a família do Cristiano lidou com os vários problemas que foram acontecendo ao longo do tempo. É evidente que não ficaremos iguais a ele por lermos o livro, há coisas que são nossas, que têm a ver com nosso passado, mas a receita está ali", disse Luis Miguel em entrevista à Agência Efe no Rio de Janeiro, aonde veio para divulgar a biografia.

Segundo o jornalista, um conjunto de aspectos levou Cristiano Ronaldo ao posto de melhor jogador do mundo, mas sua vontade de vencer pode ser considerada o motor que move a "máquina".

"Quando o Real Madrid fez a festa no Santiago Bernabéu depois de ganhar a Liga dos Campeões, o locutor do estádio disse algo que sintetiza tudo o que ele representa: 'e agora aquele para quem não há limites, Cristiano Ronaldo'. Acho que é exatamente isso. Na cabeça dele, não há limites, tudo é possível, e isso faz com que ele todos os dias trabalhe mais e mais para atingir algo que não existe. Esse é o grande combustível dele, a ambição", salientou.

Por outro lado, essa mesma ambição pode se voltar contra o próprio atacante, de acordo com Luis Miguel.

"Ela é também prejudicial na carreira dele, porque se torna uma obsessão, e quando ele não consegue algo, pode haver problemas. No último ano do (técnico José) Mourinho no Real Madrid, o Marcelo era o melhor amigo do Cristiano e deu uma entrevista em que disse concordar que (o goleiro Iker) Casillas merecia ganhar o prêmio de melhor jogador do mundo. Por causa disso, o Cristiano cortou relações com ele. Ou seja, a ambição é tamanha que chega a este extremo. Mas acho que ela lhe traz mais benefícios do que problemas", disse.

Uma característica do craque conhecida do grande público é a vaidade, criticada por muitos torcedores quando chega ao nível de fazê-lo olhar para os telões dos estádios antes de cobrar uma falta, por exemplo. Para Luis Miguel, no entanto, ela serve como mais uma aliada em sua busca pela perfeição.

"Os especialistas ouvidos no livro dizem que ajuda o fato de ele se gostar e ter um conhecimento profundo do próprio corpo, dos seus limites. Isso ficou claro no final da temporada. Ele teve um mês para gerir lesões para chegar bem à final da Liga dos Campeões e à Copa do Mundo, que eram seus grandes objetivos, e conseguiu fazer isso sabendo quando não deveria jogar. Um exemplo completamente oposto no mesmo período foi do Diego Costa. São lesões diferentes, claro, mas ele se forçou e chegou à final da Liga dos Campeões sem condições de jogar, saiu com menos de dez minutos e prejudicou a equipe", declarou.

Para Luis Miguel, se por um lado Lionel Messi e outros jogadores são constantemente comparados a craques do passado, o mesmo não pode ser aplicado a Cristiano Ronaldo.

"Há pouquíssimos casos na história do futebol de atletas perfeitos, e o Cristiano é um desses exemplos. O (ex-jogador e dirigente do Real Madrid Emilio) Butragueño diz no livro que ele é um atleta que joga futebol. Ele poderia ser jogador de basquete por causa de sua impulsão, um velocista, até mesatenista", afirmou o jornalista.

"Quando ele olha para o espelho, ele só se vê. Não se compara com ninguém, ele não quer ser igual ao Maradona, ao Pelé. Ele teve ídolos na infância, como o Luis Figo, mas não quer ser o melhor do mundo, e sim o melhor da história", frisou.

E quando a máquina começará a dar sinais de desgaste? Segundo o autor do livro, ela continuará a demolir defesas por muito tempo.

"Especialistas que trabalharam com ele, como o Walter di Salvo (italiano, ex-preparador físico de Real Madrid e Manchester United), dizem que o Cristiano pode jogar no mais alto nível até os 34, 35 anos. Talvez em uma posição diferente, mais recuado ou avançado, mas mantendo intacta a capacidade física. Ele ainda não entrou na curva descendente", argumentou. 

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