J. Cesar baixa guarda, admite confiança demais em 2010 e se diz questionado
Gustavo Franceschini e Paulo Passos
Do UOL, em Teresópolis
Julio Cesar baixou a guarda em sua primeira entrevista na preparação para a Copa do Mundo de 2014. Titular mais contestado do time-base de Luiz Felipe Scolari, o goleiro falou abertamente sobre a sua situação e disse que a confiança exagerada de 2010 pode ter lhe atrapalhado.
"Autoconfiança atrapalha. Experiência própria. Eu cheguei muito confiante em 2010 pela Inter, pela mídia e, às vezes, isso atrapalha. Hoje chego bem melhor e focado. Hoje estou me sentindo 100% para jogar a Copa", disse o goleiro, que também definiu seu momento diante dos jornalistas.
"Chego bastante questionado. Até quando eu não quero acompanhar as pessoas me mostram [as críticas]. Eu tenho de acreditar em mim, no meu trabalho. Sei o quanto posso colaborar, somar nesse grupo. A Copa das Confederações trouxe uma força muito grande para mim. Espero ganhar, mas não para pagar dívida", disse Julio Cesar.
A sinceridade do jogador chamou atenção. Em 2010, Julio Cesar foi o jogador que mais sentiu o baque da eliminação diante da Holanda. Na ocasião, ele era tido como o melhor goleiro do mundo e falhou no gol de empate dos europeus, que acabaram vencendo por 2 a 1.
Em 2014 Julio Cesar terá chance de se redimir do vacilo cometido na África do Sul. Embora diga que a pressão é normal e que não se sente em dívida com a torcida, o goleiro sabe que sua situação não é das mais confortáveis.
Desde a última Copa ele perdeu espaço na Inter de Milão e no Queens Park Rangers. No time inglês, ficou no banco de reservas mesmo com a equipe na segunda divisão. Para manter vivo o sonho de disputar a Copa, Julio foi buscar uma sequência no Toronto, que está na liga norte-americana.
"Chegar para a Copa no Brasil jogando pouco pode atrapalhar, e a escolha foi por isso. O Toronto foi o único time que abriu as portas para mim. Não obtive sucesso em outros, até pela folha salarial. Joguei com o treinador do Toronto no Queens Park Rangers [Ryan Nielsen], e ele me chamou", disse Julio.
FLAVIO FLORIDO/UOL Até quando eu não quero acompanhar [as críticas] as pessoas me mostram. Eu tenho de acreditar em mim, no meu trabalho sobre o momento que enfrenta na carreira
E o resultado da experiência no Canadá não foi dos melhores. Em outro momento de guarda baixa, o titular da seleção na Copa falou sobre a frustração que sentiu no início de sua passagem pelo novo clube. "Joguei sete partidas e tomei nove gols. Saí de lá chateado e falei isso para o meu treinador. Queria ter deixado o time na zona de classificação para os playoffs e não consegui", disse Julio.