Índios queriam entregar "taça de sangue" ao governo
Adriano Wilkson
Do UOL, em São Paulo
Cerca de 600 representantes de mais de 100 povos nativos se aproximaram do estádio Mané Garrincha em Brasília para protestar contra o assassinato de inúmeras lideranças indígenas pela polícia ao longo dos últimos anos.
Segundo a assessoria de imprensa do Mobilização Nacional Indígena, o objetivo era entregar, simbolicamente, uma "taça de sangue" ao governo federal. No local, estava sendo exibida a taça real da Copa do Mundo que será entregue ao campeão em julho.
Os índios, que se reuniam na cidade desde a manhã, se juntaram a manifestantes contra a Copa e se aproximaram da arena. Eles dizem que antes de chegar lá, porém, foram recebidos pela polícia com bombas de gás.
Em resposta, lançaram flechas contra os policiais.
No Twitter, a página do Conselho Indigenista Missionário informou que três índios, incluindo uma mulher, ficaram feridos. Pelo menos um foi atingido com bala de borracha. Também um fotógrafo da agência de notícia Reuters teria se ferido por estilhaços de uma bomba. Ainda de acordo com o Cimi, um manifestante sem-teto que participava do protesto foi detido.
A ação indígena faz parte de uma jornada de manifestações que vai até a próxima quinta-feira. Eles lutam pela agilização do processo de demarcação de suas terras, que está paralisado de acordo com as lideranças.
Está prevista para esta quarta uma audiência na Câmara Federal que contará com a participação de artistas como o cantor Toni Garrido e a atriz Maria Paula.
Os índios também protestam contra as grandes obras na Amazônia, como a da usina de Belo Monte, que vêm mudando seu modo de vida tradicional.