Greves e protestos pelo Brasil

Protestos seguem seleção e time entra na Granja sob gritos contra Copa

Luiza Oliveira, Paulo Passos, Pedro Ivo Almeida e Ricardo Perrone

Do UOL, no Rio de Janeiro e em Teresópolis

Na apresentação para a Copa do Mundo, os jogadores da seleção brasileira tiveram que driblar protestos até mesmo quando chegaram na concentração para a Copa, em Teresópolis. Antes, os atletas já tinham ouvido reclamações no primeiro no ponto de encontro definido pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol), em um hotel próximo ao aeroporto do Galeão.

Numa das ruas em que o ônibus da seleção brasileira passou para chegar à Granja Comary, o CT da CBF, às 12h, professores estaduais do Rio e militantes do PSTU, PSOL e PCB protestavam. Reivindicavam melhores salários no sistema público de educação e casas para desabrigados das enchentes de 2011 em Teresópolis.

Havia cerca de 100 pessoas na rua, a maioria formada por curiosos. "Brasil, vamos acordar, o professor ganha menos que o Neymar", gritavam menos de dez manifestantes pouco antes de o ônibus da seleção passar por eles. Perto dali, um grupo de fãs do time nacional apoiava a equipe. Havia também um carro de som com uma música exaltando a seleção e dizendo que a Fifa e a CBF são elite.

O cenário era semelhante ao encontrado pela delegação da seleção horas antes no Rio de Janeiro. A CBF já esperava algum tipo de protesto durante esse evento. A Polícia Militar, com a ajuda de alguns homens do Batalhão de Choque, preparou um forte esquema de segurança. Os manifestantes fecharam a avenida pela qual o ônibus com todos os jogadores da seleção iria passar, mas um caminho alternativo serviu como rota de fuga e eles conseguiram seguir até Teresópolis.

Antes disso, entretanto, o automóvel teve certa dificuldade para deixar o hotel. Manifestantes revoltados entraram na frente do ônibus, xingaram os jogadores e colaram adesivos de protesto na lataria. Só com a intervenção da tropa de choque e de mais de 70 policiais é que o caminho foi aberto.

"Não vai ter Copa", "Da Copa eu abro mão, quero mais dinheiro pra saúde e educação" e "Sai da frente que a educação é chapa quente" eram os gritos mais ouvidos pelos professores. E sobrou até para o camisa 10 da seleção: "Pode acreditar, educador vale mais do que o Neymar".

Após a saída da delegação da seleção do hotel, os manifestantes se dirigiram até o aeroporto e invadiram o saguão do local com faixas e bandeiras para continuar o movimento.

Entre outras reivindicações, os professores pedem 20% de aumento, equiparação salarial e diminuição na carga horária dos funcionários administrativos.

"Viemos aqui pra mostrar a contradição. O país que está se mobilizando para a Copa, mas apresenta vários problemas na educação. Problemas de estrutura e de condições de trabalho, além do baixo salário. Queremos chamar a atenção, mas eles parecem mais preocupados com a Copa", disse Vera Nepomuceno, diretora do sindicato do professores.

A princípio, o protesto iria acontecer no aeroporto internacional do Rio de Janeiro, mas como nenhum jogador apareceu, eles decidiram se dirigir até o hotel.

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