Manifestantes entram em conflito com a PM e depredam lojas em SP
Vagner Magalhães
Do UOL, em São Paulo
O protesto organizado pelo Comitê Popular da Copa SP, que agrega movimentos sociais, organizações, coletivos e indivíduos - centrados na denúncia contra as violações de direitos humanos e à repressão ao direito de manifestação -, na noite desta quinta-feira, terminou em confusão e confronto com policiais militares. O conflito começou quando os manifestantes tentaram ocupar o lugar em que os policiais estavam, na calçada da rua da Consolação. A partir daí, objetos foram atirados contra a polícia, que revidou com o lançamento de bombas de efeito moral, para a dispersão do grupo.
Pelo menos quatro pessoas pessoas ficaram feridas durante o confronto. Um fotógrafo freelancer machucou o pé após uma bomba explodir perto dele. Outro, Raul Doria, do jornal Destak, sofreu um corte perto do joelho da perna direita, após ser atingido por estilhaços de bomba.
"Foi no início da confusão. A bomba estourou entre as minhas pernas e os estilhaços me atingiram. Fui atendido por socorristas do Grupo de Apoio ao Protesto Popular, retornei ao jornal, e depois disso me dirigi a um hospital", disse ele, que na confusão perdeu seu computador.
Um manifestante, que se identificou como Fred, 26 anos, teve pelo menos três ferimentos na perna esquerda, provocados por estilhaços de uma bomba lançada pelos policiais.
"A bomba caiu do meu lado e só senti a dor. A calça ficou rasgada e só assim percebi o que tinha acontecido", disse ele, antes de procurar atendimento médico. Uma mulher que estava passando perto da estação Paulista do metrô foi atingida por estilhaços de bomba abaixo do olho e também foi medicada no local.
Após o início da briga, manifestantes começaram a depredar alguns estabelecimentos. A concessionária Caoa, da Hyundai, teve quatro vidros atingidos por pedras. Pelo menos três carros da loja foram parcialmente destruídos e um deles foi pichado. A Hyundai é uma das patrocinadoras da Copa do Mundo.
Os manifestantes usaram barras de ferro, martelos, pedras e pedaços de pau para depredar a concessionária. Ninguém foi detido no local porque os policiais militares estavam concentrados na principal aglomeração de pessoas, a 200 metros dali. Ao perceber a depredação, a PM desceu em direção à concessionária, mas os manifestantes saíram correndo pelas transversais da rua da Consolação. No caminho, espalharam e atearam fogo em lixeiras e sacos de lixo, impedindo o trânsito.
Além da concessionária destruída, também foram depredadas duas agências bancárias. As portas de vidro da Caixa e do Santander foram quebradas pelos manifestantes.
Pelas redes sociais, usuários do metrô relataram dificuldades para respirar dentro da estação Consolação, na linha amarela, devido ao gás lacrimogênio usado pelos policiais.
Ainda no início da manifestação, 20 pessoas foram abordadas pela Polícia Militar após terem sido flagradas com coquetéis molotov e martelos. Sete foram levadas para o 78º DP após serem revistadas e as demais foram liberadas, pois a polícia não encontrou elementos suficientes para detenção.
Após o início do confronto, a manifestação foi dividida em duas. Uma parte desceu a rua da Consolação, enquanto outro grupo seguiu em direção ao Pacaembu.
De acordo com a polícia, cerca de 1,2 mil pessoas participaram do protesto. A PM disponibilizou 1,5 mil homens para acompanhar a ação.