Ídolo croata vê Brasil mais fraco e Croácia com boas chances na Copa
Pedro Lopes
Do UOL, em São Paulo
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Mark Thompson/Allsport
Dario Simic em ação pela Croácia contra a Bósnia em 1996
Dario Simic é um dos jogadores com mais história pela seleção da Croácia. Vestindo a tradicional camisa quadriculada vermelha e branca, o ex-zagueiro entrou em campo 100 vezes, disputou três Copas do Mundo e três Eurocopas. Atuou por equipes tradicionais como a Internazionale e o Milan, da Itália, e o Mônaco, da França.
Agora proprietário de uma distribuidora de café, Simic está visitando o Brasil, que será adversário do seu país no jogo de abertura da Copa no dia 12 de junho, no Itaquerão. Na expectativa para o Mundial, o ídolo vê um Brasil inferior ao de anos anteriores, e prevê boas chances para a equipe croata.
"Eu acho que o Brasil não está tão forte como antes, mas ainda assim é o Brasil. Na Croácia, estamos com um time muito bom, com um treinador excelente, o Niko Kovac. Temos o Luca Modric (meia do Real Madrid), o Mandzukic, do Bayern, o Rakitic, do Sevilla, o Srna, do Shakhtar. São jogadores muito, muito bons, que jogam muito bem pela seleção. Acho que podermos ter um desempenho muito bom contra o Brasil", afirma.
Para o ex-defensor, Brasil e Croácia não são tão diferentes assim: existem várias semelhanças entre as formas de jogar das seleções dos dois países.
"O Brasil é sempre um grande time, um dos melhores do mundo no futebol. O futebol croata é parecido com o brasileiro, todos chamam a Croácia de "Brasil europeu". E não é fácil ser similar ao Brasil, um time com uma grande história", conta.
Simic conhece bem brasileiros: durante sua passagem pelo Milan, atuou ao lado de vários, como Kaká, Dida, Pato e Serginho. Para esta Copa do Mundo, o ex-jogador vê uma seleção brasileira mais defensiva e vai contra o consenso ao não apontar Neymar como o maior craque dentre os escolhidos de Felipão.
"O Neymar é um excelente jogador, mas não tenho certeza de que, neste momento, é o melhor do Brasil. Talvez o Thiago Silva. Talvez, pela primeira vez na história, vocês tenham uma grande defesa, e não um grande ataque (risos). Thiago é um jogador muito forte, regular", analisa.
O ídolo esteve no elenco croata que disputou a Copa de 1998, na França, e terminou na terceira colocação. Ao comparar aquela seleção, que tinha nomes como Suker e Boban à atual, ele mostra cautela.
"É diferente. Eem 98, tínhamos um grande time, com Boban, Suker, Prosinecki, mas o ponto é que eramos um país jovem após o fim da Iugoslávia, era o primeiro Mundial. Você joga com uma alma, é tudo diferente, todos estavam muito orgulhosos do país após a guerra. Agora, esse espiríto existe, mas não é tão forte como antes, é mais normal. Por outro lado, jogamos um futebol moderno, com um treinador moderno. Crescemos taticamente", explica.
Simic prefere não arriscar uma previsão sobre o desempenho da Croácia em solo brasileiro, e só aposta suas fichas em uma classificação para as oitavas de final.
"Não sei, para nós seria muito importante passar da fase de grupos. Acho que conseguimos ir para as oitavas de final e, depois, tudo pode acontecer. Quem sabe como em 98. Acho que podemos fazer um Mundial muito bom", prevê.
Amigo são paulino
A conversa com Simic aconteceu no CT do São Paulo, na Barra Funda, onde o ex-jogador apareceu para visitar o amigo dos tempos de Milan, Alexandre Pato. A admiração pelo futebol do ex-companheiro é grande.
"O Pato chegou ao Milan muito jovem, com 17 anos. É muito talentoso, muito técnico, sempre achei que fosse ser um dos melhores do mundo. Evitando as lesões, ainda acho que ele vai ser", afirma.
O ex-zagueiro também conheceu o estádio do Morumbi, onde assistiu à vitória do São Paulo sobre o CRB nesta quarta-feira, e gostou da experiência.
"O estádio realmente não é muito novo, moderno. Poderia não ter, por exemplo, aquela pista de atletismo que separa o campo da torcida. Mas eu achei a atmosfera fantástica", finaliza.