'Barras bravas' pedem proteção e ingressos para jogos da Copa no Brasil

Gabriela Grosskopf Antunes

Do Clarín, em Buenos Aires

Cerca de 400 integrantes das "Torcidas Unidas Argentinas" (HUA) pediram proteção, acesso aos estádios e sigilo de informação em um protesto em frente à sede da AFA (Associação de Futebol Argentina), no centro de Buenos Aires. O protesto tinha sido antecipado ao Clarín pelo escritório da advogada defensora do grupo, Debora Hambo, que representa a HUA.

As torcidas argentinas, conhecidas pelos incidentes violentos, querem garantir seu lugar nos estádios brasileiros nos jogos da Copa do Mundo. Segundo informações da equipe de Debora, os "barra bravas" como são chamados na Argentina, buscam entradas para os jogos da seleção do país no Brasil.

Cerca de 650 torcedores já confirmaram que viajarão para o Mundial e recebem apoio de setores das torcidas locais como a do Internacional de Porto Alegre. Agora, eles querem que a AFA ceda parte das entradas destinadas à entidade pela FIFA para os "barra bravas".

Cerca de 11 torcedores foram recebidos no lobby da instituição por um representante da AFA, onde entregaram uma petição com as demandas das torcidas.

Antecedentes

No último dia 15 de abril, a HUA ganhou na justiça o direito de não dar informações sobre seus torcedores à Polícia Federal brasileira. A medida cautelar impede que o governo argentino libere, por exemplo, os antecedentes criminais dos torcedores à Interpol.

No último dia 25 de março, quando apresentou o recurso à justiça, Debora conversou com o Clarín e disse que esperava que a Justiça se pronunciasse sobre a entrega de dados pessoais dos torcedores que, segundo ela, só poderiam ser entregues mediante autorização dos envolvidos.

"Toda colaboração com os serviços de inteligência estrangeiros devem se dar dentro do contexto das normas internas do nosso país, ainda que vivamos em um mundo globalizado isso não é mais importante que uma ordem judicial", disse a advogada na ocasião.

Em 2010, na Copa do Mundo, na África do Sul, um torcedor argentino foi assassinado e 19  "barra bravas" foram deportados para a Argentina. A HUA reúne cerca de 58 torcidas organizadas no país.

Preocupação no Brasil

Uma operação envolvendo a Interpol, forças policiais e organismos da justiça da Argentina, Uruguai e Brasil já estaria em vigor, mas o governo argentino não pode mais, depois de acatar decisão judicial, ceder informações sobre torcedores argentinos. Isso limita o trabalho dos serviços de inteligência e de fronteira.

Investimento bilionário

Cerca de 170 mil homens, entre segurança pública e privada, estarão garantindo a segurança de torcedores durante a Copa. O governo federal brasileiro deverá gastar cerca R$ 1,9 bilhão para garantir a segurança das 32 duas delegações internacionais que chegam ao país em junho, no início do evento.

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